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Veja os principais pontos da entrevista de Moro ao jornal O Tempo

Ex-ministro falou da Lava Jato, do ex-presidente Lula, de Bolsonaro e explicou seus planos visando as Eleições de 2022

Por O TEMPO
Publicado em 24 de novembro de 2021 | 11:53
 
 
 
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Projeto

“Nós precisamos conversar com todas as pessoas. Me filiei recentemente ao Podemos. Queremos construir um projeto consistente, que envolva controle da inflação, controle da pobreza e combate à corrupção. Nós temos conversado com vários partidos e agentes políticos. Não poderíamos deixar de vir a Minas, dada a relevância do Estado para o país e conversar com o governador”. 

“A ideia é que temos um longo tempo até a eleição em outubro do próximo ano. Temos que, primeiramente, conversar sobre o problema do país hoje. O que vemos é que o problema está na rua, pois temos pessoas passando dificuldade, com fome. Nossa prioridade é discutir essas questões. Ontem estive no Senado para dar uma posição a favor do aumento do Bolsa Família, mas sem fazer o rombo fiscal que vai levar ao aumento da inflação, do juros e da recessão, o que, na prática, levará ao desemprego e à diminuição da renda das famílias.  Além disso, nosso foco é a construção desse projeto, conversando com as pessoas em Minas, incluindo o Zema, que é fundamental. Quero ouvir o que eles pensam sobre essa situação”.

Equipe

“Estamos começando a construi-la, chamando especialistas. Na economia anunciamos o (Affonso Celso) Pastore, que é um dos maiores especialistas no assunto. Queremos circular pelo país. Vamos voltar a Minas Gerais para apresentar o projeto para as pessoas, buscar convencê-la”. 

Minas Gerais

Minas Gerais é um Estado Central, não só geograficamente, mas da máxima importância. Tem mistura de várias partes do país e reflete muito a média da população brasileira. Claro que Minas tem identidade própria e o povo é orgulhoso, com razão, mas é um apanhado de tudo que encontra no Brasil”. 

Visão econômica

“Tenho uma visão liberal da economia, pois entendo que o grande motor do desenvolvimento do país, se olhar outros países, é o livre mercado. Claro que não significa que deve se omitir, temos grandes problemas relacionados à desigualdade. Temos situação de pobreza que deveríamos ter como intolerável. O Estado tem um papel importante em não manter a pobreza, além de providenciar serviços de educação, saúde e segurança de qualidade. As pessoas querem ter escola de qualidade, querem um futuro melhor para os filhos delas. Ou seja, precisamos ter um Estado que atue com eficiência e há muito a fazer nesse cenário. Sou defensor do livre mercado, confio na criatividade, no empreendedorismo, mas por outro lado temos que ter políticas sociais consistentes”. 

Reformas tributária e administrativa

Temos que discutir os detalhes, a reforma tributária precisa vir para simplificar nosso atual modelo. O sistema continua confuso. O empresário tem dificuldade em saber quanto tempo tem que pagar e quanto ele faz esse cálculo. O assalariado vê na folha o quanto é descontado pelo governo. Temos que ter uma reforma para simplificar, tirar o peso do Estado das pessoas, da atividade econômica. Isso precisa ser feito. Em relação à reforma administrativa, entendo que têm-se discutido muito a redução de custo do erário público, mas o cidadão quer serviço eficiente e não tem como ter serviço eficiente tratando mal o servidor público. Servidor não pode ser tratado como vilão. Dentro da carreira tem que se prestigiar quem tem mérito. Já aqueles que se perderam nos meandros da burocracia, e estão longe de fazer seu melhor serviço, precisam, sim, passar pelo crivo de uma reforma. 

Lava Jato

“Não queremos enganar ninguém. Quero tratar só com a verdade, pois existe muita gente que mente sobre a Lava Jato, dizendo que não houve corrupção na Petrobras, o que é um absurdo. (essas pessoas) Mentem por razões das quais eu saí do governo atual. E eu saí porque desmantelaram o combate à corrupção. Pelo menos alguém tem que falar a verdade durante o próximo ano”. 

Nunca tive nenhuma questão pessoal com o ex-presidente (Lula), fiz meu trabalho como juiz. Avaliei as provas, analisei os fatos. A sentença não foi minha só, o Tribunal em Porto Alegre confirmou minha decisão. Depois, no STJ, ela foi igualmente confirmada por cinco magistrados. Ele (Lula) foi condenado em outros processos e outros juízes, as pessoas sabem, conhecem a verdade. A Petrobrás foi saqueada durante o governo do PT, tanto que foi roubada porque também sofreu má gestão econômica. Antes disso tivemos o mensalão, que foi julgado pelo STF. Naquela época, Joaquim Barbosa que havia esquema profissional de compra de voto em favor do governo do PT. Não foi invenção do STF ou da Lava Jato, foram reais, as pessoas sabem disso, milhões de pessoas saíram às ruas para protestar. Tenho grande respeito pelo STF, mas acho que foi um erro judiciário, não podemos atacar o Supremo por conta disso, pois têm excelentes ministros lá, mas a gente lamenta que houve esse retrocesso.

 

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