Trampolim

Vereadores de BH já articulam candidatura para outro cargo

Mais de um terço dos 41 parlamentares confirma que vai disputar a eleição do ano que vem. Em 2018, dos 22 que concorreram a novo posto, apenas cinco foram eleitos

Por Lucas Henrique Gomes e Thaís Mota
Publicado em 21 de junho de 2021 | 06:00
 
 
 
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Menos de um ano após o término da campanha eleitoral de 2020, vereadores eleitos no ano passado já estão de olho nas eleições de 2022. Levantamento feito por O TEMPO aponta que 16 dos 41 vereadores de Belo Horizonte vão disputar um novo cargo em 2022. 

Outros oito parlamentares disseram que ainda não definiram se vão concorrer ou aguardam algum posicionamento do partido, enquanto 15 descartam estar nas urnas.

No pleito de 2018, 22 vereadores eleitos em 2016 tentaram algum cargo, fosse como deputado federal, deputado estadual ou suplentes nas vagas ao Senado. Na ocasião, cinco foram eleitos: Áurea Carolina para deputada federal, além de Doorgal Andrada, Osvaldo Lopes, Rafael Martins e Wendel Mesquita para a Assembleia Legislativa.

Da atual legislatura, a pretensão maior é de Henrique Braga (PSDB). Ex-presidente da Casa, ele pretende concorrer ao Senado. 
Na última eleição geral, Braga também intentava concorrer como senador, mas, após deliberações do partido, acabou como segundo suplente na chapa encabeçada por Dinis Pinheiro.

Outros sete legisladores pretendem concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados: Álvaro Damião (DEM), Irlan Melo (PSD), Juninho Los Hermanos (Avante), Léo Burguês (PSL), Nikolas Ferreira (PRTB), Professor Juliano Lopes (Agir) e Walter Tosta (PL).

Alguns parlamentares, inclusive, têm usado as redes sociais para anunciar o objetivo ou para deixar nas entrelinhas a pré-candidatura. 

O jornalista Álvaro Damião, quando voltava de Brasília após a cobertura do jogo de abertura da Copa América, publicou nas redes sociais uma foto com os dizeres: “Brasília, eu voltarei. Entendedores, entenderão”. 

Já Nikolas Ferreira tem compartilhado caixas de perguntas no Instagram, em que respondeu por mais de uma vez sobre o sonho de ser deputado federal. À reportagem, Ferreira confirmou a vontade de ser candidato ao Congresso, mas disse que aguarda definição da sigla.

Outros sete parlamentares pretendem concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Bim da Ambulância (PSD), Dr. Célio Fróis (Cidadania), Helinho da Farmácia (PSD), Marcos Crispim (PSC), Reinaldo Gomes (MDB), Rogério Alkimim (PMN) e Wesley AutoEscola (PROS) confirmaram o anseio de estar no Legislativo estadual em 2023.

Rubão (PP) pretende disputar outro posto legislativo no ano que vem, mas disse que o partido é que vai decidir o cargo a que ele vai concorrer. 

Bella Gonçalves (PSOL), Ciro Pereira (PTB), Duda Salabert (PDT), Iza Lourença (PSOL), Miltinho CGE (PDT), Nely Aquino (Podemos), Pedro Patrus (PT) e Professor Claudiney Dulim (Avante) ainda aguardam alguma definição para confirmar ou descartar a participação nas eleições de 2022. 

A presidente da Casa, Nely Aquino, disse ainda que está “muito cedo” para esse posicionamento. 

Candidaturas para buscar crescimento ou apenas ser visto

O cientista político e coordenador do curso de relações internacionais do Ibmec, Adriano Gianturco, considera que vários motivos levam um político a tentar voos maiores. 

O primeiro, segundo ele, é a questão de carreira, tal como ocorre em empresas privadas. “A sociedade humana, assim como outros animais, é hierárquica, existe uma estratificação, as pessoas querem sempre estar na pirâmide. Seria estranho eles (políticos) tentarem algum cargo abaixo”, disse. O segundo motivo, na visão de Gianturco, é o da busca de poder, já que um deputado possui mais poderes que um vereador.

Para o especialista, a prática não pode ser vista como algo anormal ou ilegal, já que é um comportamento natural do ser humano buscar progredir na carreira. Ele também não considera que haja uma quebra de acordo entre vereador e eleitor, desde que o político não tenha prometido em campanha que ficaria no cargo durante os quatro anos. 

“Se ele não prometeu isso, o vereador não é responsável pelo que passa na cabeça dos votantes. Eu entendo as pessoas que se surpreendem (com a saída no meio do mandato), mas não tem nada de estranho. Poderia pensar, também, que o político que ela escolheu está conseguindo fazer a carreira”, avaliou.

Já o também cientista político Carlos Magno avalia que nem todo vereador tem a pretensão de ser eleito deputado nesta eleição. “Para muitos, o objetivo é se fazer visto, lembrado e votado para que eles possam aumentar sua viabilidade eleitoral nas próximas eleições. Da mesma forma muitos também se candidatarão para ajudar seu partido a conquistar os votos necessários para atingir a cláusula de barreira”, afirmou. 

O professor considera que um legislador de Belo Horizonte ou de Contagem, por exemplo, tem possibilidades reais de se eleger deputado a depender do trabalho de construção da candidatura. 

Suplentes de olho em vitórias para assumir posição

A dança das cadeiras na Câmara Municipal, quando um vereador é eleito para outro cargo, acaba por beneficiar os suplentes, que assumem a vaga deixada. 

Na “reserva” estão cinco ex-vereadores que compunham a legislatura anterior: Preto (DEM), César Gordin (PROS), Maninho Félix (PSD), Cida Falabella (PSOL) e Carlos Henrique (PTB), que dependem da vitória de algum correligionário para voltar ao cargo.

Aparecem como suplente também nomes conhecidos na política, como Janaína Cardoso (PSL), ex-mulher do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio. Janaína disse que seria “hipócrita” se falasse que não torceria pela vitória de Léo Burguês. “Porque eu trabalhei muito durante dois anos, eu lutei muito para ser vereadora e infelizmente eu não consegui. Torço muito pelo Léo, acredito que ele é um cara que tem a chance de ser deputado federal”, afirma. A suplente diz que, pelo horário de trabalho, teria dificuldade de fazer campanha para Burguês, mas que ajudaria no que pudesse na disputa.

César Gordin disse que vai torcer pela vitória de Irlan Melo, mas que não fará campanha. O ex-vereador, que hoje é secretário de Esportes em Santa Luzia, contou que está de olho em uma oportunidade de voltar à Câmara da capital. 

O radialista Leonardo Ângelo é o primeiro suplente do Cidadania, partido de Célio Fróis, que também se coloca como pré-candidato no próximo ano. Ângelo disse que fica satisfeito de ver um colega de partido levar o trabalho para todo o Estado e que torce para que tanto Frois como outros colegas da sigla tenham sucesso em suas caminhadas. 

Uma das maiores bancadas, o PP tem, no momento, apenas um pré-candidato, que, se eleito, dará lugar a Michelly Siqueira. A advogada disse que tem a expectativa pela vaga, mas também pode sair candidata. Se não estiver nas urnas no próximo ano, não pretende fazer campanha para algum correligionário.

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