De volta a Minas Gerais, depois de uma longa viagem à China e ao Japão, o governador Romeu Zema (Novo) está sendo acusado de sucatear a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para forçar a necessidade de privatização da empresa. Diversos bairros de Belo Horizonte e outras cidades mineiras têm sofrido de forma recorrente com a falta d’água. No dia 14 de novembro, véspera do último feriado, por exemplo, a Copasa emitiu um alerta e afirmou que “devido aos recordes de temperatura, o consumo de água da população aumentou em média 20%”.
De acordo com a Copasa, isso poderia levar a intermitências no abastecimento em algumas regiões da Grande Belo Horizonte, especialmente em cidades mais distantes do sistema produtor, como Esmeraldas, Igarapé, Lagoa Santa, Mateus Leme, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Vespasiano. Neste domingo (19), a informação que chegou a O TEMPO é de que o problema atingiu regiões da capital, como o Morro do Papagaio, Taquaril, Santa Mônica, entre outras.
Para alguns políticos de oposição ao governo Zema, o problema recorrente pode ser intencional. O deputado federal Rogério Correia (PT) publicou críticas em suas redes sociais: “faltando água em BH, e Zema está no Japão, depois de ir à China (...). Quando voltar, vai culpar a Copasa e falar em privatização. Só que não investiu na empresa na capital e distribuiu milhões em dividendos aos acionistas. Prefeitura não fala nada”.
De acordo com Rogério Correia, “Zema sucateia a Copasa para vendê-la, e o povo paga o pato”. O deputado, que é também pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte e vice-líder do governo Lula na Câmara, reforçou a acusação, dizendo que “o motivo disso (falta d´água) é lamentável e se deve à falta de investimento por parte do governo Zema, que quer privatizar empresas estatais como a Copasa e entregá-las aos seus amigos empresários”.
Neste domingo (19), a reportagem tentou contato com o governador Romeu Zema, via assessoria de imprensa, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto. A reportagem também tentou contato com a Copasa, via e-mail, telefone fixo e celular, mas não obteve retorno até a publicação e mantém o espaço aberto para a companhia.
No comunicado enviado à imprensa, alertando sobre a falta d´água, o superintendente da Copasa, Ronaldo Serpa, afirma que “mesmo com a produção máxima, podem ocorrer desabastecimentos localizados, em função do alto consumo, que causa desequilíbrio no sistema”. Disse, ainda, contar com a parceria da população para ajudar a reverter esse quadro.
Viagem criticada
O governador Romeu Zema foi bastante criticado, tanto por adversários políticos quanto por parte da população, por estar ausente de Minas Gerais em um momento delicado para o Estado. No próprio post do deputado federal Rogério Correia sobre a questão da água, uma pessoa escreveu: “Tá fazendo o que na China, em vez de estar trabalhando para pagar a dívida no Brasil?”
Na missão internacional para a Ásia, que começou no início deste mês de novembro, o governador cumpriu uma extensa agenda em busca de investimentos para Minas Gerais. Nesta segunda (20), ele retorna aos compromissos no Estado, com um dos desafios principais: conseguir uma solução para a dívida com a União, que já chega a cerca de R$ 160 bilhões.
O governo estadual espera que a Assembleia Legislativa aprove, até 20 de dezembro, a proposta de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. Enquanto isso, já foi apresentada ao governo federal a proposta de federalização da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), que está sendo analisada.
Para 2024, a expectativa é que o governo de Minas concentre seus esforços para conseguir privatizar também a Cemig e a Copasa, propostas que precisarão ser aprovadas pela Assembleia. O modelo tem sido chamado de corporação. O Estado deixaria de ser o gestor, mas a Cemig e a Copasa não teriam um controlador definido.