A rescisão do contrato de concessão da Arena Independência, publicada pelo Governo de Minas Gerais no último sábado (12), expõe uma longa discussão com a empresa que administra o estádio. Enquanto o governo alega que a Luarenas deve aos cofres públicos R$ 36 milhões, a concessionária afirma que tem para receber do Estado débitos que ultrapassam R$ 44 milhões. 

Em contato com a equipe do Super.FC, o vice-presidente comercial da Luarenas, Flávio Portella, argumentou que, quando a concessionária assumiu a administração da arena, investimentos que não estavam previstos em contrato foram necessários para colocar o estádio do Horto em pleno funcionamento.  

"Quando a gente assumiu o equipamento em 2012, era uma obra inacabada e com uma série de problemas na parte elétrica, nos banheiros, de acessibilidade e na documentação. Então, fizemos uma série de investimentos que não estavam previstos, além dos investimentos obrigatórios, como câmeras, controle de acesso etc. Foram R$ 12 milhões investidos pela empresa", declarou Flávio Portella. 

No montante que o executivo da concessionária cobra do Estado, ainda estão valores que não teriam sido repassados, referentes ao aluguel do Independência para a realização da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.   

Sobre como a Luarenas recebeu a rescisão do contrato, Flávio Portella revela ter sido surpreendido. "Fui pego de surpresa, já que o contrato acabaria na terça (15), encerrando os dez anos que seriam cumpridos na totalidade. A gente tinha uma conversa que se iniciou muito bem na CPRAC (Câmara de Prevenção e Resolução Administrativa de Conflitos). Mas, uma semana antes da segunda audiência, os representantes do Estado inexplicavelmente cancelaram o encontro., afirmou. 

Portella também ressaltou que a Luarenas vai procurar o governo de Minas Gerais para tentar um novo acordo e está à disposição para seguir administrando e realizar a transição, tão logo seja definido o futuro do Independência. "Vamos continuar dando o suporte. Teoricamente, eu poderia simplesmente puxar o plug e deixar tudo isso à mercê, mas ninguém desse lado é irresponsável. As portas continuam abertas. Vou tentar falar com o governo para tentar um acordo", finalizou. 

O que diz o Governo de Minas Gerais

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra) alegou que os valores cobrados pela Luarenas não procedem.

Segundo a Secretaria, todos os pedidos de reequilíbrio e indenização apresentados pela Concessionária foram analisados tecnicamente por diversos órgãos do Estado (inclusive órgãos de controle), sendo que aqueles que foram considerados procedentes já foram abatidos da dívida da empresa e, ainda assim, a dívida é de mais de R$36 milhões.

Ainda de acordo com a Seinfra, dívida da empresa com o Estado é líquida e certa, vez que deveriam ter sido repassados valores certos por ano, que não o foram. Uma parcela, inclusive, já se encontra judicializada.