Com o ciclo olímpico tendo redução de um ano entre os Jogos de Tóquio e Paris, em virtude da pandemia de coronavírus, a sensação de que 'o tempo voou' entre as edições de 2021 e 2024 será ainda maior. 

Em breve, estaremos em 2023, no ano que antecede a próxima edição do maior evento esportivo do mundo. A expectativa é que esta seja a edição de libertação da pandemia.

Nesta terça-feira, o Comitê Olímpico Brasileiro aproveitou o período de dois anos para a cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris, para realizar evento em São Paulo com personalidades esportivas de dentro e fora das quadras, pistas, ginásios e piscinas.  

A entidade apresentou seu planejamento para os Jogos Olímpicos e anunciou novos projetos voltados aos atletas e ações de marketing para o atual ciclo. Estiveram presentes o presidente do COB, Paulo Wanderley, além de membros de sua diretoria e atletas olímpicos de várias gerações, como o ex-judoca Rogério  Sampaio e o ex-nadador Gustavo Borges, que deixaram suas marcas eternizadas no Hall da Fama do COB.

"Esta preparação começou antes mesmo dos Jogos de Tóquio. O tempo pode parecer curto pra quem já participou de outras Olimpíadas e longo para quem será estreante e ainda não tem a mesma maturidade. Mas ele será igual para todos e nosso trabalho é dar boas condições para que eles façam uma apresentação satisfatória", comenta Ney Wilson, gestor de alto rendimento do COB.

Os atletas terão suporte em um 'quartel-general' do Time Brasil a 600m da Vila Olímpica na cidade de Saint Ouen. O espaço restrito dentro da Vila fez com que o COB corresse contra o tempo para encontrar um local que pudesse fornecer boa estrutura para atletas, familiares e profissionais sem acesso à Vila.

A expansão de áreas vai contemplar locais de treino privativos e um setor operacional para ativação de programas com presenças de futuros e antigos atletas olímpicos. 

O objetivo não poderia ser outro: superar a marca dos Jogos de Tóquio, quando o país teve seu melhor desempenho na história do evento. 

Na capital japonesa, o Brasil conquistou 21 pódios, um recorde, superando a marca de 19 da Rio 2016. Como anfitrião, o país conquistou sete ouros, mesmo número de títulos faturados em Tóquio.

Para fazer os atletas pensarem somente na sua melhor condição, o COB já tem definidas algumas situações, como locais de treino e hospedagem, com direito à culinária brasileira para toda a delegação. 

"É um ciclo mais curto, que não diminui nosso trabalho. Pelo contrário. Queremos que os atletas cheguem lá com foco em treino, descanso e em fazer seu melhor", analisa Rogério Sampaio, diretor geral da entidade.

Chegando a hora


Quem já esteve nos Jogos, sabe que todo treino é precioso, pensando em fazer história e sair consagrado de Paris. 

"Este período passa muito mais rápido do que podemos imaginar. Dois anos passam voando, é um momento especial para todos os atletas, sejam eles jovens ou experientes, que estejam focados nesse resultado futuro. Essa marca de dois anos mostra que os Jogos estão logo aí e que, de fato, o foco tem de estar totalmente voltado para isso", comenta Gustavo Borges, responsável por quatro medalhas olímpicas, duas de prata e duas de bronze. Gustavo foi, ao lado do velejador Torben Grael, o primeiro brasileiro a conquistar três pódios em Jogos Olímpicos. Em Barcelona 1992, ele foi medalha de prata nos 100 metros livre, antes de conquistar a prata nos 200 metros livre e o bronze nos 100 metros livre em Atlanta 1996. Quatro anos mais tarde, em Sidney, ele fez parte da equipe que levou o bronze nos 4x100 livre.

Gustavo sabe que a carreira também pode passar rápido, com cada edição dos Jogos sendo única e muito representativa para os atletas. Para quem vai estar na Olimpíada pela primeira vez, ele reforça a dica para que todo o esforço seja empenhado ao máximo em busca de um sonho que aparece para poucos. 

"O que eu tenho para dizer é: treine para caramba! Vai para cima dos seus objetivos. A hora é agora. Existe tempo para trabalhar técnica, força, desenvolvimento, cabeça e mindset. Procure bons treinadores, boas conexões nos clubes para poder fazer um bom trabalho. Essa é a dica", sugere o ex-nadador.

 

* O repórter viajou a São Paulo a convite do COB