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Pilotos que quebram barreiras: entenda como atletas de automobilismo mais velhos se mantêm no topo do esporte

Com 35% do grid acima dos 30 anos em 2024, Fórmula 1 continua a contar com nomes experientes para as próxima temporadas


Publicado em 22 de maio de 2024 | 15:40
 
 
 

Neste ano, a Fórmula 1 tem 35% dos pilotos de seu grid com 30 anos ou mais, dado que aponta para o aumento do interesse de atletas mais velhos em se manter na categoria. Paralelamente, a composição por idade dos atletas atingiu uma média de 29 anos, a maior nas últimas seis temporadas de competição.

Essa tendência não é coincidência, mas sim resultado de uma série de mudanças estratégicas no esporte ao longo das últimas temporadas.

“A Fórmula 1 hoje não só proporciona aos pilotos veteranos as condições necessárias para competirem de igual para igual com os mais jovens, mas também adapta os programas de treinamento às suas necessidades individuais, incluindo testes de força e cognitivos. Isso é crucial, pois embora a capacidade física possa ser um desafio com o avanço da idade, os impactos são atenuados por estes programas especializados,” avalia Ricardo Takahashi, especialista em fisioterapia esportiva e sócio da Sonafe - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física.

Neste contexto, a possibilidade de atletas continuarem em alto nível e entre as principais equipes aumentou. Alonso, Hamilton e até Hulkenberg são exemplos de sucesso de pilotos que iniciaram suas carreiras há muito tempo e ainda figuram no cenário do esporte de alto rendimento.

Fernando Alonso

Um dos principais nomes das últimas duas décadas, Fernando Alonso se tornou referência em constância no esporte após se manter na categoria por mais de 15 anos. O piloto, já com 43 anos, renovou com a Aston Martin por duas temporadas. Se o espanhol cumprir o contrato, irá se tornar o piloto mais velho, após a década de 60, a correr em um Grande Prêmio, ultrapassando o feito de Schumacher, que fez sua última corrida na categoria aos 43 anos.

Para a Dra. Flávia Magalhães, médica do esporte e especialista em fisiologia do exercício, os fatores determinantes na longevidade de atletas como Alonso baseiam-se no cuidado contínuo ao longo da carreira.

“A longevidade do atleta está relacionada com os cuidados ao longo da carreira, além dos tratamentos adequados em momentos de lesão. Um atleta de alta performance sempre deve ter em mente que seu corpo é sua ferramenta de trabalho e todos os pilares da saúde estão envolvidos na manutenção e longevidade da sua carreira. Dentre os pilares, podemos citar nutrição, mobilidade articular, simetria muscular, sono, recuperação, carga de treino, e os sistemas cardiorrespiratório e endócrino, além de cuidados com o sistema renal e urogenital. Também não podemos negligenciar a utilização correta dos equipamentos, essencial no automobilismo”, afirma a doutora.

Lewis Hamilton

Desde 2007, Lewis Hamilton corre pelas pistas dos autódromos da Fórmula 1. De lá para cá, o piloto britânico conquistou 103 vitórias, 104 poles e 7 títulos, resultados que o colocaram entre os atletas mais vitoriosos do automobilismo.  Aos 39 anos, mesmo com as dificuldades enfrentadas nos últimos anos, Lewis está longe de encerrar a carreira. 

No início do ano, para a surpresa de muitos, o inglês anunciou sua saída da Mercedes, equipe em que esteve por 13 temporadas, para ingressar na Ferrari em 2025. O contrato do piloto garantirá sua permanência até os 41 anos, já que a duração será de mais duas temporadas.

Nico Hulkenberg

Outro nome que estará no esporte por mais alguns anos é Nico Hülkenberg. O alemão assinou recentemente com a Stake Sauber, que se tornará Audi em 2026, em um contrato plurianual. Com 36 anos, o piloto ainda terá a chance de subir ao pódio pela primeira vez, já que em mais de 10 anos de Fórmula não conseguiu chegar entre os 3 primeiros.

A expectativa é que com a chegada da Audi em 2026 e a mudança de regulamento, o vetarano consiga performar bem pela equipe. 

Alonso e Hamilton: Rivais de longa data

Em 2001, Fernando Alonso estreou na Fórmula 1 pela Minardi, já chamando atenção das equipes. Ao longo de mais de 20 anos, o atleta coleciona 32 vitórias e dois campeonatos de piloto, o que o colocou entre os maiores da modalidade. Do outro lado, Lewis Hamilton fez sua primeira corrida ao lado do espanhol em 2007, na McLaren.

Fernando Alonso e Lewis Hamilton, pilotos de F1 / Crédito: reprodução @F1
Fernando Alonso e Lewis Hamilton, pilotos de F1 / Crédito: reprodução @F1

Atualmente, os dois são os pilotos mais velhos da categoria, com 42  e 39 anos, respectivamente, e, junto com o jovem Verstappen, figuram entre os mais vitoriosos. Lewis com seus sete títulos e Alonso com seu bicampeonato. Até hoje, a rivalidade entre eles permanece fervorosa, com episódios recentes de discussões e disputas dentro e fora da pista.

Mesmo seguindo caminhos distintos, Lewis e Alonso continuam movimentando o ecossistema da Fórmula 1, tanto com renovações de contrato quanto com acordos de patrocínios. Além disso, a ex-dupla da McLaren também possui uma grande base de fãs, com ambos figurando na lista dos 10 pilotos mais seguidos no Instagram.

Para Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, a continuidade de Lewis e Alonso representa muito mais do que aparenta para o automobilismo.

“Nomes consagrados e campeões mundiais da F1, como são os casos de Hamilton e Alonso, agregam muito à categoria, pois fazem parte da história, atraem grande visibilidade e geram receita significativa,” afirma Fábio.

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