Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nesta quinta-feira (15) por determinação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro nomeou Fernando Sarney como interventor na entidade, em meio a suspeitas de falsificação de assinatura em um acordo que legitimava a permanência de Rodrigues no comando.

A decisão é o mais recente capítulo de uma disputa pelo poder que se arrasta desde 2018, envolvendo o Ministério Público, diferentes gestões da CBF e diversas instâncias do Judiciário brasileiro, como publicou o portal Terra.

Origem da disputa no sistema eleitoral

O Ministério Público questionou em 2018 o formato das eleições na CBF, contestando os pesos atribuídos aos votos de federações estaduais e clubes. O questionamento ocorreu após uma assembleia realizada em março de 2017, quando as federações definiram, sem a participação dos clubes, que seus votos teriam peso 3 nas eleições, enquanto times da Série A teriam peso 2 e equipes da Série B, peso 1.

Em julho de 2021, após o afastamento de Rogério Caboclo por denúncias de assédio sexual, o juiz Mario Cunha Olinto Filho determinou a destituição de toda a diretoria eleita em 2017. A decisão foi posteriormente suspensa pelo desembargador Luiz de Mello Serra, que identificou violação à legislação esportiva.

Em agosto do mesmo ano, Ednaldo Rodrigues, então presidente da Federação Baiana, assumiu interinamente a presidência da CBF, substituindo Antonio Carlos Nunes de Lima, conhecido como coronel Nunes.

Termo de Ajustamento e eleição

Para regularizar a situação, a CBF assinou em março de 2022 um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público. O documento estabelecia o cumprimento da Lei Pelé e criava uma cláusula de barreira para candidaturas, exigindo apoio de quatro federações e quatro clubes.

Na eleição subsequente, Ednaldo Rodrigues foi eleito com o apoio de 26 federações estaduais e 39 clubes. A Federação Alagoana não participou da votação após Gustavo Feijó, ex-presidente da entidade, mover uma ação judicial tentando suspender o pleito.

Batalha nos tribunais

Em dezembro de 2023, o TJ-RJ cancelou o TAC e destituiu Ednaldo do cargo. No início de 2024, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar reconduzindo-o à presidência. O julgamento dessa decisão foi suspenso em outubro de 2024.

Em fevereiro de 2025, foi assinado um acordo entre Ednaldo, cinco dirigentes (incluindo Fernando Sarney e Rogério Caboclo) e a Federação Mineira de Futebol, reconhecendo a legitimidade da eleição de 2022.

Novo afastamento

A recente decisão do TJ-RJ baseou-se em uma perícia que apontou falsificação da assinatura do coronel Nunes no acordo de fevereiro. O laudo pericial concluiu: "A convicção que se pode depreender de todas as características observadas e considerando todas as limitações intrínsecas ao presente exame é de não identificação do punho periciado de Antonio Carlos Nunes de Lima".

Duas petições foram apresentadas ao STF na semana passada, pela deputada Daniela do Waguinho e por Fernando Sarney, ambas negadas pelo ministro Gilmar Mendes. O TJ-RJ, no entanto, prosseguiu com as investigações, resultando no afastamento de Ednaldo e na nomeação de Sarney como interventor, que já convocou novas eleições para a presidência da entidade.