A equipe verde-amarela de tênis de mesa está pronta para lutar pelo seu primeiro ouro paralímpico na modalidade. Os Jogos Paralímpicos terão início em 28 de agosto e se estenderão até 7 de setembro. Recentemente, os 15 mesatenistas que representarão o Brasil completaram sua aclimatação na França. Dentre os destaques está a catarinense Bruna Alexandre, de 29 anosm que foi a primeira brasileira a competir tanto nos Jogos Paralímpicos quanto Olímpicos no mesmo ciclo.

A mesatenista está em Paris há mais de um mês, totalizando 49 dias na França entre as duas competições. Nos Jogos Olímpicos de Paris, Bruna competiu ao lado das irmãs Bruna e Giulia Takahashi na disputa por equipes femininas. O Brasil foi eliminado pela Coreia do Sul nas oitavas de final.

“Estivemos muito unidas, eu, a Bruna e a Giulia, com o Jorge (técnico). Foi tudo muito legal, desde a vila até o ginásio, e essa experiência nas Olimpíadas certamente me ajudará nos Jogos Paralímpicos. Joguei nas principais mesas da arena e enfrentei atletas olímpicas, o que pode fazer a diferença”, disse Bruna Alexandre, que compete na classe 10 (para andantes) e disputará nas duplas mistas, nas duplas femininas e no individual na Paralimpíada.

Aos seis meses de vida, Bruna foi submetida à amputação do braço direito devido a uma trombose provocada por uma injeção mal aplicada. Ela começou a praticar tênis de mesa aos 12 anos, influenciada pelo irmão. Até 2009, competiu apenas em torneios para atletas sem deficiência.

“Eu saí da Vila Olímpica, fiquei em um hotel que o COB me colocou, e depois o CPB me levou a Troyes para a aclimatação. Foi tudo muito bom, com uma excelente estrutura e sparrings olímpicos que a confederação trouxe para os treinamentos. Isso só contribui para o crescimento da modalidade”, afirmou Bruna, que não se esquece dos torcedores na arena durante os Jogos Olímpicos e espera que isso se repita nos Jogos Paralímpicos.

Bruna Alexandre tem no currículo o título nas duplas mistas no Mundial Paralímpico de Granada e quatro medalhas em Jogos Paralímpicos – dois bronzes por equipes (Rio 2016 e Tóquio 2020), além de um bronze (Rio 2016) e uma prata (Tóquio 2020) individuais.

O atual ciclo paralímpico trouxe para o tênis de mesa brasileiro o melhor desempenho dos atletas do país em um Mundial, realizado em Granada, na Espanha, em novembro de 2022. O Brasil encerrou o torneio com sete pódios: um ouro e seis bronzes, superando as cinco conquistas obtidas em todas as edições anteriores do torneio.

O tênis de mesa foi praticado inicialmente por pessoas em cadeiras de rodas e entrou para o programa dos Jogos Paralímpicos em Roma 1960. A primeira participação de jogadores em pé aconteceu em Toronto 1976, com a estreia do Brasil na modalidade.

Investimentos


O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) investiram na compra de sete mesas para garantir que os atletas pudessem treinar com equipamentos exatamente iguais aos que encontrarão em Paris. A aclimatação ocorreu em Troyes, a 160 km da capital francesa, onde também estiveram atletas de outras 12 modalidades representadas pelo Brasil. Os mesatenistas começaram o período de adaptação em 13 de agosto e se mudaram para a Vila Paralímpica em 21 de agosto.

O investimento nas mesas foi necessário devido às mudanças nas características do equipamento utilizado em Paris. Por isso, CPB e CBTM uniram esforços para oferecer a melhor preparação e aclimatação dos atletas.

“Tudo foi planejado para garantir a melhor aclimatação possível. Nossa preocupação com relação às mesas é que elas começaram a ser usadas recentemente, apenas nas Olimpíadas. O Comitê prontamente entrou em contato com o fabricante e garantiu que essas mesas fossem enviadas para oferecer aos atletas as condições ideais, com o mesmo tipo de equipamento que será encontrado na arena onde as competições ocorrerão. Como são competições eliminatórias simples, isso será uma vantagem para o Brasil”, afirmou Sandro José Abrão, gerente de seleções da CBTM e chefe da equipe em Paris.

Houve mudanças no tampão das mesas, afetando o quique da bola, e na pintura usada como referência para as jogadas. Após o período de aclimatação, as mesas serão embaladas e enviadas ao Brasil, onde ficarão no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, para uso em treinamentos e competições dos atletas brasileiros.

Para Sophia Kelmer, mesatenista carioca que disputará os Jogos pela primeira vez, a estrutura oferecida para a aclimatação ajudará os atletas a obter um bom desempenho durante a competição. Aos 16 anos e oito meses, ela é a mulher mais jovem na delegação brasileira que estará em Paris.

“Esse tempo de aclimatação na França foi ótimo para nos adaptarmos ao fuso horário, ao clima, entre outras coisas. A estrutura foi excelente, especialmente no hotel com a comida brasileira fornecida pelo CPB. A comida brasileira faz muita diferença. As mesas são iguais às que usaremos, o que foi muito importante para nos adaptarmos ao ambiente. Chegaremos aos Jogos da melhor forma possível”, disse Sophia. A atleta compete na classe 8 (para andantes). Devido a um AVC intrauterino (na gestação), Sophia nasceu com paralisia cerebral e hemiplegia (sem controle e força no lado direito do corpo). Conheceu o tênis de mesa no playground do seu prédio e começou a praticar em uma escola.