No último dia 20, o que era para ser mais uma live sobre futebol acabou se tornando caso de polícia. O coletivo Marias de Minas, que luta pela democratização das arquibancadas de futebol, formado por minorias, juntamente com o jornalista Guilherme Piu, se tornou alvo de ameaças e insultos homofóbicos.

Durante a conversa, que retratava o futebol do Cruzeiro, a situação do clube e a diversidade necessária entre os torcedores da modalidade, vários torcedores que acompanham online proferiram palavras chulas e ameaçaram a integridade física do presidente e fundador do coletivo Marias de Minas, e do jornalista.

Com os prints das ameaças e xingamentos em mãos, tanto o fundador do grupo quanto Piu denunciarão os responsáveis. O boletim de ocorrência será o primeiro passo para a punição dos agressores virtuais.

"Isso não vai ficar assim. Segunda-feira (25) farei o boletim de ocorrência", confirmou o presidente e fundador do coletivo.

A Aliança Nacional LGBTI+, organização que tem como missão a promoção e defesa dos direitos humanos e da cidadania da comunidade brasileira de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais, soltou nota de repúdio pelo fato e cobrou das autoridades punições aos responsáveis.

O repórter Guilherme Piu também levará adiante a denúncia e explica o motivo.

"Quis dar voz a eles tendo como difusor dessa causa o Yuri Senna, a quem chamo de um ícone da torcida do Cruzeiro. Pela luta, pela batalha e força de vontade que ele mostra nessa busca por direitos básicos a qualquer pessoa. E, principalmente, uma luta por espaço e representatividade em um meio tão homofóbico e machista como o do futebol. Eles lutam por respeito e eu vou lutar junto com eles depois de tudo que vivi, e de tudo que aprendi. Por que também já estive do outro lado e me envergonho por saber que cometi erros no passado não enxergando o quanto é importante abraçar essa causa", declarou.

O sindicato dos jornalistas de Minas Gerais também se manifestou sobre o ocorrido.

"Vamos entregar essas ameaças para o Ministério Público de Minas Gerais e esperamos que as denúncias surtam efeitos e que algo seja seito. Que os responsáveis sejam enquadrados pelas autoridades", disse a presidente do sindicato dos jornalistas de Minas Gerais, Alesandra Melo.

O Supremo Tribunal Federal equiparou a homofobia como crime de racismo por intermédio do Mandado de Injunção 4733, e tais crimes são inafiançáveis e imprescritíveis.