Israel é uma jornada pessoal, única. Exige preparação: esqueça o que você leu nos noticiários internacionais e tudo o que acha que sabe, para mergulhar em uma realidade surpreendente. Apesar de ser um país pequeno (22.145 km² de área), nada é muito igual de um extremo ao outro: pode-se lambuzar de lama nos hotéis-spa em torno do mar Morto, empreender uma aventura de jipe pelo deserto da Judeia, acompanhar os passos de Cristo pela Galileia, enfrentar 50ºC para "escalar" a fortaleza de Massada, aproximar-se da história das Cruzadas em Acre, alcançar um pedaço do império romano em Cesarea, entrar no universo da cabala em Safed e encerrar a "odisseia" numa balada na moderna e laica Tel Aviv.

Pausa para o fôlego! E olha que não é só isso: Israel nunca será completa se o viajante não experimentar a atmosfera espiritual e religiosa de Jerusalém, uma cidade sem igual no mundo, capaz de despertar emoções das mais simples, como um choro, a sentimentos profundos, como compaixão.

Em Jerusalém, completa-se na mente e no coração do visitante o ciclo para se entender por que Israel, uma terra de conflitos, é também a morada de um povo hospitaleiro, sorridente e orgulhoso de suas origens. Como o guia bem-humorado e brincalhão David Hefets, que foi nossos pés e olhos nessa jornada pela história e pelos costumes de Israel, um país que equilibra entre o Ocidente e o Oriente.

O início. É fim da primavera e início do outono quando embarco em um voo da EL AL de São Paulo a Tel Aviv, não antes de "enfrentar" um interrogatório no check-in e atravessar detectores de metais. A segurança é um dos maiores investimentos da companhia aérea israelense, que infelizmente encerrará suas operações em São Paulo no dia 10 de novembro. "É a sua primeira vez?", indaga a minha vizinha de poltrona no avião. A minha resposta positiva emenda um outro comentário: "É uma benção conhecer a terra onde Jesus pisou". Emma Finelli, uma aposentada de 80 anos de Caxias do Sul (RS), embarcava para Israel pela terceira vez, em companhia das filhas e da neta ainda pequena. "Pena que a TV não mostre como realmente é Israel", conclui, antes que eu pudesse pronunciar uma única palavra.

Como Emma, Jairo Santos acompanhava um grupo de 43 pessoas de Foz do Iguaçu (PR) para uma peregrinação a lugares sagrados para os cristãos, como Jerusalém, Belém, Judeia, rio Jordão, Nazaré, Jericó e Carnafaum. Santos faz parte de uma entidade leiga para evangelização, Obra de Maria, com sede em Recife e filiais em João Pessoa (PB), Belém (PA), Cachoeira Paulista (SP) e Foz do Iguaçu (PR). "Essa viagem é uma renovação de fé. É a busca, na nossa ignorância, por um sinal de Jesus, de uma revelação", comenta o missionário de 27 anos. Pela segunda vez na Terra Santa, ele afirma que "Israel é um roteiro de paz".

Emoções. Emma e Jairo são dois dos cerca de 50 mil brasileiros que viajam anualmente a Israel para incrementar o turismo. Como os brasileiros que embarcarão nas próximas semanas para assistir a um show histórico do rei Roberto Carlos, no dia 7, no Sultan Pool, anfiteatro com capacidade para 5.000 espectadores, localizado no vale do Hinnon, ao lado da Torre de Davi, onde acontecem concertos de música erudita e encenação de grandes óperas. Os pacotes, já esgotados, custaram de R$ 18 mil (mais barato) a R$ 30 mil (mais caro).

O show irá dar visibilidade a Israel enquanto destino turístico. Desde junho, o Escritório de Turismo de Israel no Brasil empreende uma campanha na mídia católica. A ideia é elevar o número de turistas no país, aproveitando as frequências que decolam do terminal de Guarulhos. São cerca de 13 horas de voo até o aeroporto de Ben Gurion, em Tel Aviv, com desconto do fuso horário de seis horas. "Acho que toda pessoa, cristão ou não, deveria embarcar em uma experiência como essa", encerra Santos.

Espaço de celebração
A tolerância religiosa em Israel é percebida com mais clareza no Muro das Lamentações, hoje rebatizado de Muro Ocidental, a única edificação remanescente do Segundo Templo, construído no século VI a.C. e ampliado logo depois pelo rei Herodes. É o lugar mais sagrado para o judaísmo. Judeus, rabinos, cristãos...todos se aglomeram no grande pátio para colocar suas preces nas fendas do muro e rezar, venerar.