O Panamá não era, até a década passada, um destino cobiçado pelos mineiros. Mas deveria ser. O país que liga as Américas do Sul e do Norte e os oceanos Atlântico e Pacífico tem muito a oferecer além do famigerado canal. Praias, compras e turismo cultural, não exatamente nessa ordem, são apostas da Autoridad de Turismo de Panama (Ipat), órgão oficial de turismo, para aumentar o volume de turistas no país, que até o ano passado recebeu cerca de 1,8 milhão de turistas estrangeiros.

Com a inauguração dos voos diretos pela Copa Airlines de Belo Horizonte para a Cidade do Panamá em 21 de agosto de 2008, o país passou a receber mais mineiros, mas firmou-se como “hub” (central de distribuição) para o Caribe e Nova York (EUA). A vantagem, segundo a Copa, é a possibilidade de conhecer o Caribe sem desembarcar em Miami e sem a necessidade de enfrentar filas ou de um visto norte-americano.

Muito utilizado por viajantes com destino ao Caribe, o Panamá não deve ser considerado apenas um ponto de conexão de voos, mas a melhor alternativa para se conhecer a América Central sem gastar muito. Além disso, a hospitalidade do povo, as belezas naturais e a riqueza histórica fazem do Panamá um país original, onde a modernidade dos arranha-céus convive com monumentos com mais 400 anos de história. Pode ser incluído no roteiro sem medos.

La Vieja

Tesouros, piratas, invasores, ruínas, monumentos. Povo barulhento, alegre, receptivo, que está sempre cantando. Natureza e relíquias históricas em alternância com arranha-céus com mais de 40 andares. Assim é a Cidade do Panamá. Segundo o guia Benício, são quatro cidades em uma só – as ruínas de La Vieja, o Casco Antiguo (cidade colonial), a parte moderna e a cidade Canal do Panamá (com a vila militar, antes ocupadas pelas Forças Armadas dos EUA).

Para se entender a história do Panamá, o passeio deve começar pelas ruínas de La Vieja, sítio arqueológico da primeira cidade construída em 1519 e arrasada três vezes – um terremoto em 1620, um incêndio em 1644 e uma invasão comandada pelo pirata inglês Henry Morgan em 1671.

No local, ainda se veem vestígios de conventos, do hospital, de pontes e da catedral dedicada à Virgem da Assunção, daquela que foi a mais importante cidade espanhola das Américas, antes de passar pelas mãos dos franceses, colombianos e norte-americanos.

Catedral

Como destaque, vale uma subida na torre da antiga catedral para usufruir de uma das vistas mais belas da capital panamenha, com os arranha-céus em uma ponta, o Casco Antíguo no caminho e ilhas em outra.

Nas calles (ruas), algo pitoresco desperta a atenção: os “Diablo Rojos” (diabo vermelho), ônibus escolares norte-americanos de variadas combinações de cores e estilos. No interior, luzes de neón, poltronas para três pessoas, som com ritmos caribenhos nas alturas e nenhum ar-condicionado.

A ilha mais distante, a de Contadora, reserva uma curiosidade: o visitante descobre a origem da pérola negra, citada na franquia cinematográfica “Piratas do Caribe”. Segundo guias locais, operadoras oferecem passeios até a ilha, que fica a 20 minutos da Cidade do Panamá.

Charmoso, bairro lembra Havana, só mais preservado

Em um passeio a pé, à noite, pelo Casco Antiguo, o guia me aponta uma casa de três andares e comenta que ali morou o famoso cantor panamenho Rubén Blades. O comentário não teria importância alguma se não estivéssemos no bairro mais charmoso da Cidade do Panamá.

Depois da destruição do La Vieja, os espanhóis transferiram a cidade mais para o interior, em uma península próximao à baía, e ergueram uma muralha para a sua proteção. No passado, o Casco Antiguo foi a área elegante da cidade. Mas nos anos 50 entrou em decadência quando os ricos se mudaram para outros bairros.

À noite, especialmente, aflora um clima romântico, intimista, saudosista, naquela mistura sedutora de construções coloniais espanholas com outras de luxo, reformadas.

Assim como a cidade moderna remete a Hong Kong, o Casco Antiguo lembra a cubana Havana, com a diferença de que suas construções estão mais preservadas. Em uma caminhada de uma hora, passa-se pela praça da Catedral.

Na pracinha, mesas espalhadas pela calçada improvisam um restaurante a céu aberto, à luz de velas, como convém o cenário. Mais à frente, a plaza da Independência reúne prédios históricos como El Cabido, o Palácio Municipal, o Museu de História do Panamá e a igreja e convento de São Francisco de Assis.

O guia chama a atenção para um detalhe curioso: no monumento, Simon Bolivar, revolucionário que liberou a América do jugo espanhol, surge, pela única vez, em trajes civis. Alguns passos mais e nos deparamos com o Teatro Nacional, de 1905, de inspiração italiana e com luxuosa decoração.

Nas 12 calles que formam o Casco Antiguo ainda há que se ver as ruínas do convento e da igreja de Santo Domingo, o palácio da Justiça e o passeio das Abóbadas, o setor mais conservado das muralhas. 

Quem leva

Como chegar. De BH para Cidade do Panamá, pela Copa (copaair.com), a partir de R$ 2.980,82. 

Pacote 1 (Abreu Viagens). Inclui Cidade do Panamá e Bocas del Toro (somente terrestre e aéreo interno), seis noite com café da manhã (2 na Cidade do Panamá e 4 em Bocas del Toro), traslados, tour de meio-dia ao Casco Antigo + Canal do Panamá e Preço a partir de US$ 1.285 por pessoa em apartamento duplo. Consulte seu agente de viagens e peça esse pacote da Abreu Viagens.

Pacote 2 (CVC). Com saída no dia 19 de janeiro de 2020, o pacote inclui passagem aérea e sete noites de hospedagem no hotel Cabañas Colindas, na Cidade do Panamá. O preço está a partir de R$ 4.073 por pessoa em apartamento duplo.