A eletrificação da frota nacional de veículos já é uma realidade, e a discussão sobre a segurança na recarga de carros elétricos em garagens de condomínios ganha um novo e polêmico capítulo.
O Conselho Nacional de Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, através da Ligabom, divulgou a diretriz nacional que estabelece critérios de segurança para garagens com sistemas de recarga.
O texto, que exige a instalação de sprinklers e exaustores de fumaça, foi criticado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), que a classificou como um "grande equívoco", capaz de travar a expansão dos veículos elétricos no país.
O que diz a nova diretriz?
A norma, publicada em 26 de agosto, foi o resultado de 16 meses de estudos e testes conduzidos pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo, em parceria com diversas entidades do setor, como a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e o próprio SindusCon-SP. Ambas fizeram críticas parecidas à diretriz.
A principal exigência é a instalação de sistemas de sprinklers (chuveiros automáticos) e de exaustores de fumaça nas garagens de futuras edificações.
Essa medida é vista com bons olhos por todos os envolvidos, já que garante a segurança em projetos novos, com a estrutura devidamente planejada.
O problema, no entanto, surge quando a mesma exigência se estende a edifícios já existentes que desejam instalar estações de recarga.
O ponto de conflito: condomínios antigos
Segundo o Sinduscon-SP, a diretriz em sua versão atual exige que mesmo condomínios antigos, que não foram projetados com essa infraestrutura, passem por obras complexas e de alto custo para instalar os sistemas de sprinklers.
Ainda na avaliação do sindicato e de outras entidades, essa medida é tecnicamente inviável em muitos casos e, além disso, representa um impacto financeiro tão grande que pode inibir a decisão de síndicos e condôminos em aprovar a instalação de pontos de recarga.
Segundo o Sinduscon-SP, em vez de incentivar a segurança, a medida pode ter o efeito contrário: desestimular a instalação de carregadores de carros elétricos em garagens, levando os proprietários a buscar soluções alternativas, e potencialmente menos seguras, fora do ambiente do condomínio.
Solução sugerida
Em carta aberta divulgada pelo Sinduscon-SP, a entidade propõe mudanças na diretriz nacional para os edifícios já existentes.
Em vez de obrigar a instalação de sprinklers, elas sugerem um plano mais flexível e eficaz, baseado em:
- Gerenciamento de riscos: Elaboração de um plano de segurança detalhado e específico para cada condomínio.
- Instalações elétricas adequadas: Garantia de que toda a fiação e o sistema elétrico estejam conforme as normas técnicas vigentes.
- Sistema de detecção de incêndio: Implementação de detectores que possam alertar rapidamente sobre um princípio de incêndio, permitindo um tempo de resposta ágil por parte dos bombeiros.