O Cruzeiro fez contra o Bahia seu melhor jogo desde a vitória sobre o Botafogo na temporada passada. A imposição foi tamanha, que o time, tranquilamente, poderia ter feito um placar ainda maior sobre o bom adversário comandado por Rogério Ceni. O cenário hoje é bem mais animador. É possível ver organização, opções, um Cruzeiro bem postado taticamente e com mentalidade de time que briga a cada instante pelo resultado.
É preciso sempre dar tempo ao tempo. Curar as feridas internas, se silenciar e trabalhar — sem trégua. Leonardo Jardim mostrou ter coragem. Não é qualquer um que tem culhões para colocar as maiores contratações da temporada no banco de reservas. Mais do que a individualidade dos nomes tarimbados, o Cruzeiro precisava encontrar um coletivo e construir sua base em torno disso.
O banco, às vezes, pode parecer uma punição. Mas vejo como uma possibilidade de aprimoramento. De compreender que certas necessidades só podem ser ajustadas com medidas muitas vezes drásticas. E está tudo bem. Isso não quer dizer que alguém é ruim, deixou de ser útil, que vai amargar aquela condição para sempre. A temporada é longa e cheia de imprevistos.
Todos devem ter a consciência de que precisam estar nivelados por cima para lutar por uma vaga no time. É para isso que serve um elenco e não um amontoado de atletas.
A zona de conforto não pode fazer parte de um time de futebol. A performance e o momento precisam falar mais alto. Não existe fórmula de bolo no mundo da bola, o que existe mesmo é trabalho e desempenho. E quando há sintonia, as coisas fluem ao natural.
Dito tudo isso, não há como apontar que o que Jardim vem fazendo dará certo em todo jogo, mas o treinador deixou uma belíssima amostra de sua personalidade e entendimento tático e técnico, porque não é fácil encontrar saídas em um cenário que aparentava ser de completa frustração.
A vitória contra o Bahia foi chave. O torcedor precisava desse ânimo, de ter aquela sensação boa de sair do Mineirão orgulhoso de ter visto o Cruzeiro executar um bom futebol, algo que não era visto há um bom tempo. O desafio agora é continuar neste processo de evolução, de formatação de um time e de construção de identidade. Há muito trabalho a ser feito, mas nada melhor que uma vitória para ajudar a tornar este caminho mais tangível.