Reforçava, nos últimos dias, que não podemos ser analistas apenas de resultado. "Torcedores, calma" nunca é demais. É perfeitamente normal que qualquer equipe, em um campeonato como o Brasileirão — o torneio nacional mais disputado e nivelado do planeta — oscile. O Cruzeiro, claro, não estaria imune a essas intempéries. Mas isso, em nenhum momento, desqualifica o trabalho que vem sendo conduzido pelo mister Leonardo Jardim, pela comissão técnica e pelos jogadores.

No Engenhão, a Raposa deu mais uma resposta incontestável de que está no caminho certo. Com uma proposta de jogo bem definida, impôs-se diante de um adversário que não perdia em casa desde a última derrota justamente para o próprio time cinco estrelas, na temporada passada.

O Cruzeiro tem um onze ideal estabelecido para ser letal. Quando o jogo encaixa e o resultado aparece, torna-se difícil para qualquer adversário buscar uma remontada — como ficou claro contra o Botafogo. Pedir reforços nunca será demais, porque este é um time com potencial para grandes feitos. A qualificação do elenco vai garantir o fôlego e o equilíbrio necessários para manter o ritmo.

Mas é fundamental, acima de tudo, exaltar as peças que já estão aqui. Entre todos os acertos de Jardim, acredito que Christian tenha sido um dos maiores. Ele é, muitas vezes, o fiel da balança, atuando pelos dois lados do campo e aparecendo também para finalizar. Tê-lo perfeitamente encaixado neste esquema é um trunfo que torna o Cruzeiro, definitivamente, um time mais compacto.

Essa polivalência, aliás, permite que as melhores qualidades de outros jogadores se destaquem — como Matheus Pereira, visivelmente com mais liberdade e desenvoltura para mostrar seu melhor futebol. Já são três gols e cinco assistências na atual edição do Brasileirão.

Uma vitória para dar moral e embalar o Cruzeiro rumo ao importante desafio do meio de semana, quando, possivelmente, um abarrotado estádio Rei Pelé aguardará a Raposa. Será fundamental manter a mesma intensidade diante de um CRB que virá como franco-atirador. Mas eu sou mais Cruzeiro nesta peleja. É um time que já se provou contra os quatro clubes que representaram o Brasil no Mundial de Clubes nos Estados Unidos — derrotando todos, e com autoridade.

Acima de tudo, é um time que não se esconde dos desafios. Enfrenta-os de frente, se molda a eles e entrega o melhor, independentemente da situação ou do lugar. Que esse seja o espírito para seguir firme na Copa do Brasil e na luta pelas primeiras posições do Brasileirão.