O líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, vive dias de isolamento na cadeia e começa a não identificar o que é realidade. É o que denuncia uma petição de sua defesa, que cobra uma resposta sobre o isolamento do chefe da facção criminosa.
Marcola está privado de contato com outros detentos da Penitenciária Federal de Brasília (PFBra) desde março deste ano, segundo o documento, encaminhado ao juiz federal corregedor judicial da prisão. Há cerca de um mês, o isolamento teria ficado ainda mais intenso, com uma transferência sem motivação clara para a área de enfermaria da instituição.
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Esse “sumiço” de Marcola leva a um risco de psicose no chefe do PCC, segundo a defesa. Em relatos colhidos por ela, a família afirma que, nas últimas visitas ao preso, ele demonstrou “oscilações na percepção da realidade”.
O documento foi divulgado originalmente pelo portal de notícias de Brasília “Metrópoles”. Questionada pela reportagem, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) não mencionou o caso de Marcola diretamente, mas afirmou seguir "um rigoroso protocolo de segurança".
"A Senappen informa que as penitenciárias federais dispõem de um corpo de servidores que compõem equipes exclusivas nas diversas especialidades de saúde e reabilitação: médico clínico, médico psiquiatra, enfermeiro, técnico em enfermagem, psicólogo, dentista, auxiliar de saúde bucal, farmacêutico, assistente social, pedagogo e terapeuta ocupacional, tendo por base padrões humanos e humanizantes que se traduzem em ações tecnicamente competentes, intersetorialmente articuladas e socialmente apropriadas. Em caso mais complexos, equipes de escoltas realizam o deslocamento do interno para atendimento fora da unidade prisional", disse, em nota.
Quando Marcola foi preso?
Com 56 anos, Marcola está preso desde 1999, condenado a mais de 300 anos de prisão. Esta não é a primeira vez que ele fica isolado em suas mais de duas décadas de cárcere. O criminoso esteve várias vezes na solitária, em que passou 22 horas por dias sozinho na cela, sem direito a livros ou qualquer companhia. Marcola chegou à Penitenciária Federal de Brasília em 2022, transferido de Rondônia devido a um suposto plano de fuga.
Marcola está envolvido em crimes desde a infância — seu apelido é referência ao hábito de cheirar cola na região da praça da Sé, em São Paulo. Sua ficha criminal inclui formação de quadrilha, tráfico de drogas, roubo a banco, roubo a mão armada e homicídios.