O Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro realizou uma nova autópsia no corpo de Juliana Marins, brasileira de 26 anos que morreu na Indonésia, nesta quarta-feira (02). O exame começou às 8h30 e durou aproximadamente duas horas e meia, com a participação de dois peritos da Polícia Civil fluminense e um representante da Polícia Federal. O corpo foi liberado para a família no final da manhã.

A perícia foi autorizada pela Justiça Federal em audiência realizada na terça-feira (1º), com participação da Advocacia-Geral da União, Defensoria Pública da União e autoridades do governo do Rio. O corpo chegou ao Brasil na noite anterior, transportado pela Força Aérea Brasileira de Guarulhos até a Base Aérea do Galeão.

A família solicitou este novo exame para determinar com precisão o momento do falecimento e identificar possíveis evidências não detectadas na autópsia indonésia. O laudo preliminar deve ser emitido em até sete dias, conforme comunicado oficial.

Mariana Marins, irmã da vítima, acompanhou o procedimento. Familiares têm manifestado em redes sociais que consideram o resgate indonésio negligente e buscam esclarecimentos sobre o caso.

O que se sabe até agora

Juliana sofreu uma queda no monte Rinjani, em Lombok, no dia 20 de junho, durante uma trilha. Apesar de ter sido vista com vida após o acidente, as equipes de resgate só a alcançaram no dia 24, quando já estava morta. A retirada do corpo ocorreu apenas no dia 25.

O legista indonésio identificou múltiplas fraturas e hemorragia interna grave como causas prováveis da morte. A estimativa inicial sugere que Juliana pode ter sobrevivido aproximadamente quatro dias após a primeira queda.

O acidente aconteceu em área remota do monte Rinjani. Imagens captadas por um drone operado por turistas espanhóis no dia 21 mostraram Juliana a cerca de 200 metros da trilha principal, em terreno com muitas pedras soltas e vegetação escassa.

Evidências indicam que a brasileira pode ter sofrido quedas múltiplas. No vídeo do dia 21, ela aparece sentada e se movimentando em local íngreme. Quando encontrada no dia 24, estava em área mais plana, a aproximadamente 650 metros da borda da trilha.

Existem inconsistências sobre o momento exato do óbito. A Basarnas, agência de buscas indonésia, informou à família que Juliana foi encontrada sem vida na noite de terça (24), por volta das 11h no horário brasileiro. O legista local, porém, estimou a morte entre 14h de terça e 2h de quarta no horário do Brasil.

A determinação precisa do momento do falecimento foi complicada pelas condições do corpo e pelo intervalo até a primeira autópsia, realizada apenas na noite de quinta (26), após transporte em freezer por várias horas até Bali.

Autoridades policiais de Lombok anunciaram na segunda-feira (30) que já colheram depoimentos de testemunhas e inspecionaram o local para verificar possíveis irregularidades relacionadas ao caso.

Um detalhe relevante foi a vestimenta inadequada de Juliana para as condições climáticas locais. Ela usava apenas calça, camiseta de manga curta, luvas e botas quando foi avistada pela primeira vez, sem agasalho apropriado para temperaturas que podem chegar a 4°C durante a noite.

A demora no resgate foi amplamente questionada pelos familiares. As autoridades locais atribuíram o atraso às dificuldades do terreno, altitude e condições climáticas adversas, que interromperam as buscas várias vezes.

O Parque Nacional Monte Rinjani não mantém equipe especializada permanente, diferentemente do sistema brasileiro. Quando ocorrem acidentes, é necessário mobilizar socorristas, voluntários e equipamentos específicos para iniciar as operações de busca.

Com informações Folhapress