Pense rápido: quando foi a última vez que você foi ao médico para fazer exames preventivos? Se sua a resposta foi "nunca", você não está sozinho, porque 35% da população brasileira faz parte dessa estatística. Menos da metade dos brasileiros segue à risca as indicações médicas e checa como está a saúde uma vez ao ano: apenas 46% deles, de acordo com a pesquisa Philips Index 2010 realizada pelo Instituto Ipsos com 875 brasileiros de 14 a 65 anos.
O levantamento mostrou ainda que o número de homens que não cuidam da saúde é maior do que o de mulheres. Quarenta e cinco por cento da população masculina nunca fez check-up contra 25% das mulheres.
Até o mês passado, a estudante Cristina Ignácia Januário, 27, era uma dessas pessoas. Ela só procurava o médico quando sentia alguma dor e pensava que estava doente. Ela nunca havia tido uma doença grave, mas, de uns tempos para cá, passou a gripar com muita facilidade. Passando em frente a um laboratório de Belo Horizonte, Cristina viu um cartaz falando a respeito de check-ups e decidiu fazer um. Foi aí que ela descobriu que estava com baixa imunidade e com infecção ocular.
"Eu só ia ao médico se passasse mal e se o chazinho da minha mãe não me curasse. Mas agora vi que o ideal é ir ao médico antes de adoecer para dar tempo de cuidar. Pretendo fazer exames todo ano agora", afirma.
O patologista responsável pelo laboratório São Marcos, Ércio Seabra, explica que o ideal para os jovens é fazer uma bateria de exames pelo menos de três em três anos. Porém, ele alerta que, para aqueles que têm parentes com doenças crônicas, como diabetes, o check-up é necessário uma vez por ano.
"Os exames podem ajudar a prevenir doenças que nos atingem silenciosamente. Aqui na nossa instituição, a gente nota que, a cada cem pessoas normais, entre 65 e 70 apresentam indícios de que podem vir a desenvolver uma doença crônica. Pode ser uma glicose alta que leva ao diabetes, por exemplo. E isso não dá para sentir. Sem o exame de controle, a pessoa só sabe quando a doença já chegou", explica.
O empresário Anderson Francisco de Assis Pereira, 37, não corre o risco de ser pego de surpresa. Ele faz exames regulares desde os 18 anos e pretende ensinar o mesmo para a filha de 2 anos quando ela crescer. "Minha família tem histórico de colesterol alto e sempre faço esse controle para prevenir qualquer problema futuro", afirma.
Para Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em clínica médica e infectologia, a falta de preocupação com exames preventivos do brasileiro é uma questão cultural. "A nossa formação médica no Ocidente é baseada na cura. A população acha que ir ao médico é para tratar doenças e não para preveni-las", avalia.
A dificuldade de acesso aos exames é também outra variável que interfere nesse resultado. O presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Cristiano da Matta Machado, explica que os médicos que atendem tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto pelos planos de saúde não podem pedir muitos exames.
No SUS, faltam estrutura e profissionais, o que impede a oferta de exames preventivos. Já os planos de saúde trabalham com a lógica de mercado e não pretendem gastar com exames antes de haver o indício da doença. Segundo Machado, existem planos de saúde que pagam mais para os médicos que pedem menos exames. "Isso é um problema muito complexo porque o plano de saúde é o braço mais forte, já que ele paga a conta", diz.
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