Um homem de 32 anos foi indiciado após agredir e ameaçar um instrutor de academia em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A motivação do crime, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, foi o fato de a vítima, de 25 anos, ser homossexual. O crime foi cometido no dia 27 de abril e divulgado na manhã desta quarta-feira (9) pela Polícia Civil de Minas Gerais.
O crime foi cometido no lado de fora de uma academia que fica dentro de um shopping. Imagens de câmeras de segurança mostram o instrutor sentado em um banco, enquanto aguardava um carro de aplicativo. O suspeito se senta ao lado do autor e diz algumas palavras, que seriam ameaças de morte.
"O autor chega, se senta e diz 'Se você continuar me olhando, vou te quentar todo' e teria dito ainda "Se continuar me olhando, vou te matar", detalha o escrivão Jouberth Maia, escrivão da 7ª Delegacia de Polícia Civil de Contagem. Na sequência, o agressor parte para cima do instrutor e acerta nela dois chutes, até que a vítima se esquiva e o autor, na sequência, sai andando pelo shopping. A vítima foi acolhida por seguranças e por frequentadores do local.
A Polícia Civil de Minas Gerais colheu depoimentos de testemunhas e frequentadores da academia e usou também imagens e transcrição de áudios das 'bodycams' dos seguranças do shopping para chegar à conclusão de que o crime teve a homofobia como motivação. A PCMG também ouviu o suspeito, que admitiu as agressões e disse que se sentia incomodado porque a vítima estaria o perseguindo com "olhares maliciosos". Porém a versão não se sustentou diante de depoimentos de outras testemunhas.
"A vítima era instrutor de uma rede de academia, portanto é função dela acompanhar e observar. Todos os instrutores faziam isso, mas o autor perseguiu apenas esse instrutor, porque se incomodou com o fato de a vítima ser assumidamente homossexual, por não aceitar que ele instrua um treino por ser homossexual", afirma a delegada Mariana Schlemper, titular da 7ª Delegacia de Polícia Civil de Contagem.
Também segundo a delegada, o agressor não tem passagens pela polícia, mas era constante alvo de reclamações na academia por ser uma pessoa agressiva. A gerente do estabelecimento o desligou de toda a rede imediatamente após o episódio.
O autor não está preso, pois não houve flagrante no dia do crime. Após a conclusão do inquérito, a PCMG solicitou a prisão preventiva do homem. "Ele coloca em risco não só essa vítima, mas também toda a comunidade LGBT, pelo ódio, pela reiteração dos golpes", diz a delegada Mariana Schlemper.
O autor foi indiciado pelo crime de racismo, já que o Supremo Tribunal Federal equiparou a homofobia ao crime contra raça, cor e religião. A pena varia de dois a 5 anos de prisão. "Se não fosse essa decisão do STF, ele responderia apenas por crimes de menor potencial ofensivo, mas com a decisão, ele vai responder por um crime grave, que inclusive não prescreve", explica a delegada Mariana.
O homem também pode responder pelo crime de crime de ameaça - cuja pena pode chegar a um ano - e lesão corporal leve, que pode render de um a seis meses de detenção, ou multa.