O dezembro de 2024 já é o segundo mais chuvoso da última década em Belo Horizonte. De acordo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), até a manhã desta segunda-feira (30 de dezembro), a capital mineira registrou 410,1 milímetros (mm) de chuva. O volume fica atrás apenas do registrado em 2022, quando a cidade somou 427,8 no último mês do ano.  

 A cidade, entretanto, está sob alerta de chuvas entre 30mm e 50mm até as 8h desta terça-feira, conforme divulgou a Defesa Civil municipal. Caso o volume previsto se concretize, o volume vai ultrapassar os índices registrados em 2022 e se tornar o dezembro mais chuvoso desde 2014.  

Conforme o Inmet, a média histórica de chuvas em dezembro é de 339,1 mm. Na última década, apenas em três anos a chuva superou a média. Além de 2022 e 2024, os altos volumes foram registrados também em 2021, quando o município somou 373 milímetros.   

Para o meteorologista e coordenador do Inmet em Minas, Lizandro Gemiacki, em 2024, os índices acima da média ocorrem devido a uma antecipação na formação dos corredores de umidade originários da Amazônia. "Esse ano tivemos, desde outubro, a formação de um corredor de umidade, o que geralmente não ocorre tão cedo. Ao longo do mês de dezembro tivemos várias frentes avançando pelo litoral da região Sudeste e que organizaram o canal de umidade, que se forma desde a Amazônia e eventualmente âncora aqui na região Sudeste. Isso causa esses volumes mais excessivos de chuvas", explica.  

Lizandro Gemiacki explica que a condição afetou todo o Estado, que registra chuvas de mais de um milímetro há 10 dias consecutivos. "Esse corredor de umidade que se formou sobre o nosso Estado provoca grandes volumes de chuvas. São dez dias de chuvas seguidos devido a esses sistemas frontais, deixando todo o Estado com condições de chuva. São chuvas que vêm de forma persistente e, às vezes, com pancadas mais fortes", pontua.

Mudanças climáticas 

Para o coordenador do Inmet a expectativa é que eventos climáticos extremos, como as chuvas acima da média registradas em Belo Horizonte, se tornem frequentes nos próximos anos. “Temos muitas variáveis, temos fenômenos como La Niña e o El Niño que atuam em grande escala, e outros que atuam de forma paralela. Percebemos nos últimos anos um aumento desses eventos extremos, e nosso monitoramento aponta que é mais provável que ocorram fenómenos extremos de mais chuvas ou menos chuvas. São muitos casos nos últimos anos que ultrapassam média ou ficam abaixo o que prejudica métrica”, explica.

Veja o acumulado de chuvas nos meses de dezembro nos últimos 10 anos

  • Dez 2014 - 138,1 mm
  • Dez 2015 - 152,3 mm
  • Dez 2016 - 244,6 mm
  • Dez 2017 - 330 mm
  • Dez 2018 - 282,8 mm
  • Dez 2019 - 129,3 mm
  • Dez 2020 - 278,1 mm
  • Dez 2021 - 373 mm
  • Dez 2022 - 427,8 mm
  • Dez 2023 - 158,3 mm
  • Dez 2024 - 410,1 mm