O homem de 38 anos, que está preso desde o último sábado (8 de junho) por envolvimento no desaparecimento de uma adolescente de 16 anos moradora do bairro Castelo, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, já era investigado pela Polícia Civil desde março deste ano por um suposto esquema de pirâmide financeira. A informação foi confirmada nesta terça-feira (11 de junho) pela instituição policial. 

Duas vítimas, um homem de 35 anos e uma mulher de 41, registraram boletins de ocorrência após entregarem grandes quantias de dinheiro ao suspeito supostamente para realização de investimentos financeiros, que dariam retornos financeiros mensais. 

Os valores do rendimento previsto até teriam sido pagos, porém, no fim de 2022, as duas vítimas pararam de receber os valores. "Os procedimentos investigativos tramitam por meio do Departamento Estadual de Investigação de Fraudes, na capital. Outras informações poderão ser divulgadas ao final das investigações", concluiu, por nota, a Polícia Civil. 

Site "limpa nome" e 107 mil seguidores

Nas redes sociais, o suspeito preso pelo desaparecimento da menor tinha 107 mil seguidores e se descrevia com uma única frase: "Ajudo pessoas a construir renda e realizar sonhos". Em um link, ele divulgava um site com nome "Limpa Nome Greis Consultoria", que oferecia dezenas de serviços diferentes. 

Entre os "produtos" oferecidos pelo homem estavam, além da "limpeza do nome sujo", o aumento no "score de crédito"; empréstimos a pessoas físicas e jurídicas; consórcios; seguro veicular; oferecimento de cartão de crédito; e antecipação do FGTS. 

Prisão mantida

Na última segunda-feira (10), a Justiça mineira decidiu por manter preso o suspeito. O suspeito estava proibido de se aproximar da garota por uma medida protetiva em seu desfavor. Em audiência de custódia, a juíza Juliana Miranda Pagano acolheu um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que entende que o homem representa "perigo para a integridade sexual da ofendida". 

Na decisão, a juíza completou, ainda, que o suspeito, se livre, é um risco à "integridade física e psicológica" da menina. Para para converter a prisão em flagrante do homem em prisão preventiva, ela usou como argumento o documento da medida protetiva. 

A ordem da Justiça, expedida pela Vara Especializada em Crimes Contra Criança e Adolescente, descreve um relacionamento abusivo com a adolescente, com denúncias de "violência psicológica, manipulação, isolamento e outros tipos de violências piores, possivelmente sexual". O agressor deve aguardar o julgamento em um presídio do Estado. 

Homem confessou que estava com a Mariana

A adolescente sumiu no bairro Castelo, na região da Pampulha, na quinta-feira (6), e foi reencontrada sábado (8), em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH. De acordo com o registro da ocorrência, o suspeito já era alvo dos investigadores do desaparecimento de Mariana. Ele foi abordado pelos policiais no bairro Serrano, quando confessou que estava com a menina, entregando a sua localização. 

O homem é investigado por ter se relacionado com a vítima, mesmo ela sendo menor de idade. Essa relação teria motivado a família da adolescente a pedir a medida protetiva contra o suspeito. A ferramenta é um meio de proteção utilizado em casos de violência doméstica, abusos e perseguição. A medida foi expedida pela Vara Especializada da Criança e Adolescente de Belo Horizonte. 

A prisão é, até o momento, por ele ter descumprido a medida protetiva. A adolescente foi ouvida pela Polícia Civil, na presença de seu representante legal, e entregue à família. O inquérito segue em sigilo, como define o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).