Cerca de quatro mil funcionários terceirizados da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte — todos vinculados à Minas Gerais Administração e Serviços (MGS) — decidiram, em assembleia realizada na capital mineira nesta quinta-feira (20 de fevereiro), entrar em greve por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira (24 de fevereiro). De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH), a paralisação se deve à intransigência da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), "que, mesmo com a mobilização do setor, não apresentou uma contraproposta que atendesse às reivindicações dos trabalhadores."

Conforme o Sind-REDE, a categoria também decidiu realizar uma nova assembleia na segunda-feira (24), em frente à PBH. "Estamos dispostos a negociar e esperamos que o prefeito em exercício, Álvaro Damião (União Brasil), demonstre boa vontade e apresente uma proposta digna para que a greve não precise se estender pelos próximos dias", afirmou a entidade.

De acordo com a diretora do sindicato, Vanessa Portugal, além de considerar a proposta de recomposição salarial insuficiente, a paralisação é motivada pela ausência de respostas em relação aos diversos itens da pauta de reivindicações. "A situação dos trabalhadores terceirizados das escolas está insustentável devido à jornada de trabalho excessiva, aos baixos salários, à alta carga horária e ao assédio moral por parte dos supervisores", declarou Vanessa.

Reivindicações

Segundo o Sind-REDE, a última proposta apresentada pela PBH foi de 7% de reajuste no salário e no ticket, que foi considerada insuficiente pela categoria em assembleia realizada no dia 29 de janeiro.

Conforme a entidade, os profissionais do setor reivindicam:

  • A recomposição da inflação + 10% de ganho real; 
  • Equiparação salarial entre os professores e outros trabalhadores da MGS com funções iguais ou similares às suas na cidade de Belo Horizonte e cidades próximas,
  • O fim da escala 6 por 1;
  • A redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

O que diz a MGS?

Em nota enviada à reportagem de O TEMPO, a MGS reafirmou seu compromisso com a valorização de sua equipe e disse que a empresa tem mantido diálogo com os representantes dos trabalhadores, estando sempre aberta a negociações que sejam viáveis e sustentáveis para ambas as partes.  

"A MGS apresentou proposta de reajuste de 7% no salário e no Vale Alimentação/Refeição para todos os empregados vinculados à categoria, índice bem superior à inflação de 2024, que ficou em 4,83%. Seguimos em tratativas para buscar soluções que equilibrem as necessidades dos colaboradores e as possibilidades da empresa, garantindo a continuidade dos serviços prestados à sociedade com qualidade e responsabilidade", ressaltou a empresa.

Posicionamento da PBH

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) informou que há uma negociação em curso entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a MGS, que faz a gestão e disponibiliza profissionais terceirizados para atuarem na rede municipal de ensino. Segundo a Smed, a negociação prevê reajuste de 7% no valor do contrato, índice superior à inflação registrada em 2024, que foi de 4,83%.

"Nesta quinta-feira (20), houve paralisação parcial de trabalhadores, que atuam nas 324 escolas do município. A Smed ressalta que as discussões e pontos envolvendo questões trabalhistas são de responsabilidade exclusiva da MGS", explicou a PBH.