Uma manifestação pedindo por justiça após a morte de Clara Maria Venâncio, de 21 anos, é realizada na manhã deste sábado (15 de março), na praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. Com cartazes, faixas e instrumentos musicais, o grupo cobra do poder público uma resposta pela morte da jovem que foi encontrada enterrada em uma casa, no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha. Dois homens, que confessaram participação no crime, estão presos. O caso é investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG)

"Justiça por Clara! Contra o feminicídio e o capitalismo", diz o texto em uma das faixas expostas pelos manifestantes. O ato foi mobilizado por movimentos feministas e conta com a presença de amigos da vítima. A manifestação, convocada pelas redes sociais, teve início às 10h. Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o protesto ocorre de forma pacífica.

O caso

O corpo da jovem Clara Maria Venâncio Rodrigues, de 21 anos, foi encontrado em uma casa do bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, no final da manhã da última quarta-feira (12 de março). A jovem estava desaparecida desde o domingo (9).

Conforme o Corpo de Bombeiros, o corpo estava na varanda da residência, coberto por terra. Os suspeitos também colocaram concreto, na tentativa de disfarçar o cheiro forte. Equipes da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) estiveram na casa na última quarta-feira, e o concreto ainda estava fresco quando os policiais chegaram ao local.

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Motivação do crime

A principal suspeita, segundo a investigação da PCMG, é de que a jovem tenha sido morta após cobrar uma dívida de R$ 400 de um ex-colega de trabalho, identificado como Thiago Schafer Sampaio, de 21 anos. O empréstimo havia sido feito há três meses,  quando eles ainda trabalhavam juntos. A polícia, no entanto, ainda investiga a motivação do crime.

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Ciúmes e nazismo

A investigação também apontou que Thiago já havia cometido assédio sexual contra Clara durante o período em que trabalhavam juntos. Ele teria ficado com raiva quando encontrou a jovem, três dias antes do crime, acompanhada do seu namorado.

Ainda segundo a polícia, o outro suspeito do crime, Lucas Rodrigues Pimentel, de 29, foi repreendido por Clara enquanto usava expressões relacionadas ao nazismo. Em uma roda de conversas com amigos, Lucas usou termos em alemão relacionados à ideologia supremacista.

Necrofilia

Exames estão sendo realizados para comprar se atos de necrofilia foram cometidos no período em que o corpo permaneceu na residência. A polícia suspeita da prática depois do depoimento de um dos suspeitos do crime, que afirmou não ter tocado e não ter tirado fotos do corpo de Clara.

Prisões

Thiago e Lucas Rodrigues Pimentel vão seguir presos durante o processo de julgamento do crime. A Justiça mineira decidiu, em audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (14 de março), converter a prisão em flagrante dos dois em preventiva.  

Na decisão, a juíza Alessandra de Souza Nascimento Gregório avaliou que os crimes cometidos são de conduta "extremamente grave" e que manter os homens presos é assegurar "a ordem pública". 

À medida que as investigações sobre a morte da jovem Clara Maria, de 21 anos, avançam, camadas brutais sobre o caso vão sendo acrescentadas à história que contém feminicídio, suspeita de necrofilia e envolvimento com nazismo por parte de um dos acusados.