Viaturas da Polícia Civil de Minas Gerais podem ser abastecidas, no máximo, cinco vezes por mês. Esse é o limite imposto pela administração estadual após o governador Romeu Zema (Novo) anunciar um corte de R$ 1,1 bilhão em recursos. Segundo o governo, a medida visa impedir uma “calamidade financeira”, mas o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindipol) denuncia que o contingenciamento já está prejudicando as investigações.
Governo Zema manda cortar R$ 1,1 bilhão das secretarias: ‘Impedir calamidade’
Comunicados internos recebidos por policiais determinam que todas as viaturas da Polícia Civil com motorização flex devem ser abastecidas com álcool. Além disso, o abastecimento está expressamente proibido em postos não credenciados.
As novas regras, conforme explica Wemerson Oliveira, presidente do Sindipol, estipulam que viaturas caracterizadas podem ser abastecidas até quatro vezes por mês com etanol e, no máximo, três com gasolina ou diesel. Já as viaturas descaracterizadas, sem cela, podem ser abastecidas cinco vezes por mês com etanol e quatro com gasolina ou diesel.
Outro comunicado enviado aos policiais traz orientações para “uma gestão eficiente no uso dos combustíveis” e recomenda comportamentos racionais na condução das viaturas. Entre os pontos destacados estão o uso de marchas na rotação correta, para evitar o aumento no consumo de combustível, e a utilização do ar-condicionado apenas em deslocamentos longos, como em rodovias, com janelas fechadas.
Impactos
O presidente do Sindipol afirma que o limite de abastecimento está comprometendo investigações em andamento. “Temos várias diligências que começam, por exemplo, em Belo Horizonte e seguem para cidades do interior ou até mesmo para outros Estados. Com a nova determinação, a investigação vai até onde a cota permite. Quando acaba, não tem mais como continuar”, relata Oliveira.
Ele também pontua que o limite de abastecimento não pode ser ultrapassado, já que o cartão de combustível é automaticamente bloqueado.
“Já tivemos o caso de um colega que saiu para diligência em uma cidade distante e precisou pagar o combustível do próprio bolso para conseguir voltar. A situação do nosso Estado é penosa”, afirmou.
Segundo Oliveira, o cenário atual da segurança pública em Minas tem desmotivado os servidores. “Nossos salários já são baixos, e esse contingenciamento atinge, na verdade, toda a sociedade. Não é só o policial civil que está sendo prejudicado, é a população. Quando se impede uma investigação, favorece-se o aumento da criminalidade — e já estamos vendo isso acontecer em Minas Gerais”, alertou o também presidente da Federação Sudeste dos Policiais Civis.
Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que o abastecimento das viaturas ocorre de forma regular, de modo a garantir a qualidade e a eficiência da prestação dos serviços de polícia judiciária e investigativa em todo o estado, de forma ininterrupta.
Cumprindo determinação da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), em respeito à política de estado de preservação do meio ambiente, estabeleceu o abastecimento com etanol para as viaturas com motorização flex, nos termos do Aviso nº 10/Diretoria de Transportes/SPGF/2025, de 25 de abril de 2025.