Discussões a respeito de dívidas com jogos de apostas (bets) e empréstimos consignados teriam sido os motivos pelos quais Matteos França, de 32 anos, esganou a própria mãe, a professora de história Soraya Tatiana, de 56 anos. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concedeu uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (25/7) para elucidar o caso e, conforme a instituição, o filho de Soraya confessou o crime. A discussão ocorreu na sexta-feira (18/7) e o corpo da professora foi encontrado no domingo (20/7), em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

MOTIVAÇÃO - Segundo a Polícia Civil, a motivação do assassinato da professora Soraya Tatiana, de 56 anos, na Grande BH, seriam as dívidas de jogo que o filho - o principal suspeito - teria acumulado em apostas online. Mãe e filho teriam tido uma discussão, durante a qual o… pic.twitter.com/I49LnjsKNA

— O Tempo (@otempo) July 25, 2025

De acordo com a delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, responsável pelas investigações, mãe e filho tiveram uma discussão acalorada por questões financeiras, já que ele se encontrava com muitas dívidas e teria ficado 'atordoado'. "Ele participava de jogos de apostas na internet, o que levou ele a ter um colapso financeiro. Esse problema foi motivo de várias discussões entre eles", disse a delegada.

Responsável pela defesa do suspeito, o delegado Gabriel Arruda disse apenas que conversou brevemente com Matteos e ainda não teve acesso ao inquérito. “Quando tivermos todas as informações, vamos nos manifestar oficialmente”, afirmou.

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Surto e enforcamento

Ana Paula acrescentou que Matteos teve um surto durante a briga com Soraya, o levou ele a enforcar a mãe. "Ele agiu sozinho e não teria outra pessoa envolvida. Não temos a causa da morte ainda, pois o laudo da necropsia ainda não saiu. Ele alega que teve um surto e, quando eles se levantaram, acabou enforcando a mãe. Ainda", explicou Oliveira.

O valor da dívida ainda não foi divulgado. A PCMG também esclareceu que não há indícios de violência sexual no crime.

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Quem é o filho?

Matteos França é formado em relações públicas em uma universidade particular de Belo Horizonte, sendo que o filho da professora de história se apresenta como analista de marketing e social media em uma rede social.

De acordo com o perfil dele no LinkedIn, ele ocupava atualmente o cargo de assessor de comunicação estratégica da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDS), do governo de Minas, onde atuava desde 2021.

Na última terça-feira (22/7), horas após o enterro da mãe, o filho publicou uma mensagem de despedida nas redes sociais. "Vai em paz, minha baianinha, com meu amor eterno e com a certeza de que sua luz nunca vai se apagar. Você fez, é e sempre será uma linda história! Te amo para sempre", escreveu França no Instagram.

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Relembre o caso: desaparecimento

De acordo com o boletim de ocorrência, registrado pelo filho de Soraya na noite de sábado (19/7), ele saiu de casa por volta das 20h de sexta-feira (18/7) para uma viagem à Serra do Cipó. A mãe estava na sala de casa, vestida com uma camisola cinza, quando ele saiu. Na manhã do dia seguinte, ainda conforme o relato do filho, ele enviou uma mensagem para a mãe, mas ela não teria sequer recebido. 

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Apartamento vazio

Ainda segundo o documento policial, o filho da professora pediu que uma tia, que mora no mesmo prédio, fosse até o apartamento. Ele solicitou que um chaveiro abrisse o imóvel para que sua tia tivesse acesso, mas não foi encontrado nenhum vestígio da mulher. Diante da situação, o rapaz teria voltado para casa, onde encontrou o lugar sem sinais de alteração ou arrombamento. O carro de Soraya também estava na garagem do prédio.

Buscas em hospitais

O filho, junto do pai, iniciou uma série de visitas a hospitais da capital e ao Instituto Médico Legal (IML), além de contatos com amigas para tentar descobrir o paradeiro da professora. Sem informações, ele também tentou acessar câmeras de segurança da rua onde mora com a mãe e o notebook da mulher, mas não conseguiu obter nenhuma evidência sobre sua localização.

Corpo encontrado em Vespasiano

O corpo da educadora foi encontrado neste domingo (20/7) sob um viaduto, na avenida Adélia Issa, no bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana. Ele estava parcialmente coberto por um lençol, e a vítima vestia somente a parte de cima da roupa — uma blusa cinza. A perícia constatou marcas de queimaduras nas partes internas das coxas e manchas de sangue, possivelmente relacionadas a violência sexual.

Investigação

A Polícia Civil encaminhou o corpo da mulher para o IML, onde passou por exames e foi liberado aos familiares. A PCMG agora aguarda a conclusão de laudos periciais que irão atestar as circunstâncias e a causa da morte. "A investigação está em andamento, e outras informações podem ser divulgadas à medida que os procedimentos policiais avançam.", informou em nota.

Escola onde trabalhava

O Colégio Santa Marcelina, situado na região da Pampulha, local onde trabalhava, lamentou a morte da professora nas redes sociais. "Toda a comunidade educativa da Rede Santa Marcelina se une em oração e solidariedade à sua família, colegas e estudantes neste momento de dor. Rogamos a Deus que a acolha com amor e misericórdia, e que conforte todos os que choram sua partida. Sua memória permanecerá viva entre nós", escreveu a instituição de ensino em suas redes sociais.

Homenagens

Nas redes sociais, inúmeros relatos de pais e alunos a descrevem a professora como amiga, profissional excelente e alguém que atuava além do ensino, trazendo mensagens de carinho e incentivo aos estudantes. Uma mãe afirmou que o legado deixado por Soraya era visível na forma como os filhos mencionavam ela em casa. "Através dos olhares, atitudes e palavras de nossos filhos, reconhecemos aquele professor que é muito mais do que um educador, um ser iluminado, que se preocupa com os alunos além do conteúdo didático", lamentou.

Sepultamento

“Lutaremos por sua memória. Seu sorriso não se apagará!” — a frase estampava adesivos com a foto de Soraya Tatiana França durante o sepultamento da professora, realizado na manhã da última terça-feira (22/7), no Cemitério da Paz, no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte. Familiares, amigos, ex-alunos e colegas da escola Santa Marcelina se despediram da profissional com orações e homenagens. “Ontem eu descobri o alcance do amor da minha filha. Fiquei impactado com tanto carinho, tantas flores, tanta gente", disse o pai da professora, Nilton França.