Feijão, farinha, ovo, linguiça, bacon, couve e torresmo. Do almoço em família ao “esquenta” do futebol, o feijão tropeiro é protagonista no prato de quem aprecia a boa cozinha mineira. É nesse tempero que o 2º Festival Tropeiro Mineiro se despede neste sábado (6/9). Após 15 dias movimentando 31 bares e restaurantes da capital, o evento reúne todas as variações do prato, do vegano ao tradicional, na Praça Duque de Caxias, no bairro Santa Tereza, região Leste de Belo Horizonte, a partir das 10h, para celebrar a tradição e anunciar os vencedores do concurso gastronômico.

Símbolo da cultura mineira, o feijão tropeiro é um dos pratos mais queridos de Minas Gerais, presente nas mesas da população. Miriam Cerutti, idealizadora e organizadora do festival, conta que a ideia é contar a história do Estado por meio do prato, que foi um dos precursores da culinária mineira. “Ele faz parte da nossa raiz, foi onde começou a comida mineira. Hoje contamos essa história de uma forma diferente. Não é só um festival, é a história da nossa raiz. O movimento tropeirismo nos motivou”, afirma.

Para participar, os bares e restaurantes tiveram que seguir regras específicas: o prato precisava ter feijão e farinha como ingredientes obrigatórios, enquanto o drink deveria ser preparado com a cachaça mineira Jeceaba. Além disso, a criatividade tomou conta dos cozinheiros, que incrementaram o prato com ingredientes “diferentões”. De abacaxi a picolé de torresmo ou bolinho a pizza de tropeiro, quem passou por lá pôde apreciar versões distintas do quitute. “A criatividade dos chefs que criaram pratos maravilhosos é a novidade deste ano. Temos desde o vegano, vegetariano, tradicionais, pastel de tropeiro, trouxinha de tropeiro e muito mais”, afirma Miriam.

Marcinho, do “Barba Azul”, foi um dos cozinheiros que escolheram inovar no tradicionalismo. O tropeiro dele é feito com feijão fradinho, acompanhado por mandioca e um picolé de mineiro — um torresmo de barriga no espeto. “Meu tropeiro foi homenagem ao cantor Paulinho Pedra Azul, que tem uma música que chama ‘Tropeiro de Cantigas’. É a primeira vez que participo do festival e tô muito feliz com isso”, comemora.

Já Alexandre Nunes, do Bar do Magrelo, apostou na receita tradicional para atrair a nostalgia de quem cresceu comendo tropeiro nos arredores do Mineirão e do Independência antes das partidas de futebol. “O nosso tropeiro é o tradicional, aquele que nem do Mineirão, com feijão, bacon, torresmo e ovo. Isso é para despertar quem gosta de tropeiro e futebol. Hoje os estádios estão colocando hambúrguer e salgados para vender, mas o tropeiro que é o prato do futebol”, garante.

A criatividade agradou o público que passou pelo festival. Maria das Graças Marra, de 77 anos, aproveitou para se deliciar com o prato que, segundo ela, tem sabor de infância e de família. “Tem que ter tudo: ovo, couve e bem gordo. Tem que estar molhadinho, minha boca até saliva. Lá em casa somos todos do interior e, desde novinha, é tropeiro no prato”, brinca.

A publicitária Janete Braga, de 35, foi até o festival para provar o tropeiro vegano. “É muito bom essa inclusão, afinal também gostamos de um tropeiro”, comenta.

Durante duas semanas, 31 restaurantes participaram do festival, apresentando suas versões do prato. A votação será composta por 70% de votos populares e 30% de avaliação de um júri técnico, formado por chefs renomados. Os vencedores, escolhidos por critérios de apresentação, sabor e criatividade, serão anunciados às 17h na Praça Santa Tereza. Serão eleitos três vencedores, avaliados nos quesitos apresentação, sabor e criatividade. Os ganhadores serão anunciados em cerimônia às 17h, na Praça do Santa Tereza. O evento acontece até as 22h deste sábado.