Dezenas de ativistas pelos direitos dos animais protestam em frente ao Mercado Central KTO, no Centro-Sul de Belo Horizonte, durante a comemoração dos 96 anos do ponto turístico neste domingo (7/9). O grupo aproveita o evento para chamar atenção à venda de animais vivos no mercado, alvo de resistência há anos e de uma disputa judicial em andamento no Tribunal de Justiça. Os manifestantes carregam cartazes com a frase #MercadoLegalNãoVendeAnimal e usam chapéus em formato de bichos, como cachorros, roedores e peixes.
A coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais (MMDA), Adriana Araújo, afirma que o enfrentamento à venda de animais vivos no Mercado Central tem avançado, com a redução do número de estabelecimentos ao longo dos anos. No entanto, segundo ela, ainda restam nove lojas desse tipo em funcionamento. Para a ativista, esses comércios são responsáveis por sofrimento animal, além de representarem riscos sanitários e "mancharem" a imagem do ponto turístico belo-horizontino.
“Esses 96 anos de Mercado Central também representam 96 anos de exploração animal. Enquanto esse comércio insistir em explorar diferentes espécies, nós estaremos nas ruas e nas redes sociais lutando contra. Eram inúmeras lojas; hoje restam nove, que insistem em caminhar na contramão da história e da civilidade”, afirma Adriana Araújo.
Em frente à entrada principal do Mercado Central, o protesto também promove um buzinaço por apoiadores da causa. Um dos participantes do evento de aniversário, Rafael Almeida, de 30 anos, abraçou a reinvindicação: "Esse comércio jamais deveria acontecer. Logo no mercado, que é um lugar tão bacana", diz.
ANIVERSÁRIO DO MERCADO CENTRAL - Dezenas de ativistas pelos direitos dos animais protestam em frente ao Mercado Central KTO, no Centro-Sul de Belo Horizonte, durante a comemoração dos 96 anos do ponto turístico neste domingo (7/9). O grupo aproveita o evento para chamar atenção à… pic.twitter.com/Dy774WNNYi
— O TEMPO (@otempo) September 7, 2025
O movimento contra a comercialização de animais vivos no Mercado Central é antigo e já resultou em ações de fechamento de estabelecimentos e responsabilização de comerciantes. Em 2023, uma fiscalização apreendeu mais de 250 animais em situação de maus-tratos. Atualmente, tramita no Tribunal de Justiça uma ação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que pede o fim dessa prática no mercado.
“A gente conclama os desembargadores do TJMG a decidirem, em segunda instância, pela proibição desse comércio de animais. Além da crueldade, há a incompatibilidade sanitária e o risco da gripe aviária, uma zoonose que pode facilmente se espalhar nesse ambiente”, pede a coordenadora Adriana Araújo.
O que diz o Mercado Central KTO?
O diretor-presidente do Mercado Central KTO, Geraldo Henrique Figueiredo Campos, afirmou que, como a ação civil pública movida pelo Ministério Público ainda está em tramitação, a orientação jurídica é de que a manifestação ocorra apenas dentro do processo. Mesmo assim, ele defendeu a legalidade da venda e destacou uma “evolução” na comercialização de animais.
“Temos que pensar do ponto de vista evolutivo. Há 96 anos, a maior parte da economia do mercado era composta por hortifrúti e granjeiros. Isso vem mudando ao longo dos anos. Hoje, é um volume muito pequeno de lojas que vendem animais. Mas a atividade é lícita. As empresas têm CNPJ, todas as autorizações do poder público para funcionar e são fiscalizadas. É uma atividade que existe há décadas dentro dos parâmetros legais”, afirmou Campos.