Circulam pelas redes sociais vídeos que mostram um tumulto envolvendo um comerciante, clientes e integrantes da Guarda Municipal de Belo Horizonte. As imagens não deixam claro quem de fato iniciou a confusão na noite dessa quinta-feira (17), mas mostram os agentes imobilizando o homem em frente a uma galeria comercial na avenida Bandeirantes, região Centro-Sul da capital.

De acordo com informações fornecidas pela corporação, a diligência foi motivada por denúncias de vizinhos, sendo que o estabelecimento já havia sido orientado outras quatro vezes sobre as regras de funcionamento estabelecidas pelo decreto do prefeito Alexandre Kalil (PSD), em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

No entanto, os proprietários não as seguiam, segundo a Guarda, vendendo cerveja e outros produtos para clientes que se aglomeravam em sua porta, sem máscaras, equipamento também de uso obrigatório. Por causa da reincidência, os alvarás de funcionamento e localização foram recolhidos pela Guarda Municipal.

Na nota, a corporação afirma ainda que após orientar clientes e os donos do estabelecimento acabaram ofendidos por uma senhora e agredidos fisicamente por outros dois homens, o que teria motivado toda a confusão.  Os proprietários do bar foram levados para a Central de Flagrantes (Ceflan).

Após o contato com os donos de estabelecimento, a corporação orientou as pessoas que estavam no local e fez a distribuição de máscaras para aqueles que não possuíam o acessório.

Em seguida, uma senhora desacatou a equipe e outras duas agrediram fisicamente os guardas. Os agressores foram detidos e encaminhados ao Ceflan3.

Nazir Loureiro, de 31 anos é o dono do estabelecimento há três anos que acabou sendo pivô de toda a confusão. Em contato com a reportagem, ele deu sua versão dos fatos.

"Estamos trabalhando desde o início da pandemia com os protocolos exigidos pelo decreto do prefeito. Mas nas últimas semanas recebemos constantes visitas de um mesmo guarda municpal alegando que estou descumprindo o decreto. Realmente as pessoas ficam aqui, tem espaço nesse passeio, igual ficam em praças, as pessoas trazem (cerveja) de casa, as vezes pedem aqui, sentam, bebem... Já expliquei que entrego para levar, mas não tenho responsabilidade com as pessoas que estão na rua. A minha é da minha porta para dentro, não deixo ninguém entrar".

"Ontem ele falou que ia pegar meu alvará, questionei o por quê, não tinha ninguém na minha porta, e ele falou que não ia discutir. No meio tempo houve a confusão com uma senhora, mãe de um dos proprietários de outro estabelecimento, que estava xingando ao leo a situação em geral dos comerciantes, falando alguns palavrões, mas não direcionado à Guarda. Mas um deles (da Guarda) partiu para cima dela, um amigo e o filho entraram para defender e houve agressões, foi desproporcional o uso da força", garantiu.

O microempresário garante que não quer problemas, segue as medidas, mas não tem poder sobre as pessoas. "As pesoas não aguentam mais ficar dentro de casa, querem ficar em qualquer lugar, trazem banquinho, começam a beber, comer, bater papo, não tenho poder para tirar essas pessoas, mandar colocar máscaa, sou um simples comerciante. Da minha porta para dentro eu cuido", continuou Loureiro. "Não quero prejudicar a Guarda, só quero trabalhar, preciso, tenho produto estragando, funcionário que depende de mim, família em casa. Só quero poder vender meu produto, estou olhando na prefeitura se meu alvará foi mesmo suspenso ou não", completou.

Leia trecho da nota da Guarda Municipal:

Por volta das 22h, equipes da Guarda Municipal verificaram estabelecimento situado na Avenida dos Bandeirantes, Anchieta, que estava em desacordo com o Decreto 17.328 Covid-19. Os Guardas foram até o local por meio de denúncias realizadas nos canais disponibilizados pela Prefeitura de Belo Horizonte.

As equipes orientaram o dono do estabelecimento, que teve o alvará de localização e funcionamento recolhido por ser reincidente no descumprimento do decreto. Ao todo, a Guarda esteve cinco vezes no estabelecimento para orientar os comerciantes sobre as regras do decreto.

Após o contato com os donos de estabelecimento, a corporação orientou as pessoas que estavam no local e fez a distribuição de máscaras para aqueles que não possuíam o acessório.

Em seguida, uma senhora desacatou a equipe e outras duas agrediram fisicamente os guardas. Os agressores foram detidos e encaminhados ao Ceflan3.