Um radar a cada 4 quilômetros. Essa é a atual situação do trecho do Anel Rodoviário de Belo Horizonte sob jurisdição do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A falta do instrumento de fiscalização eletrônica de trânsito é motivo de preocupação para quem vive às margens da rodovia. Desde 2020, o número de equipamentos caiu de 11 para apenas quatro.
"Depois que tiraram radar um atrás do outro, quando não cai aqui pra dentro, cai lá embaixo", disse o churrasqueiro Wellington Antunes, moradora da Vila da Luz, na Região Nordeste de Belo Horizonte, e que teve sua casa atingida após o tombamento de uma carreta na manhã desta quarta-feira (13). Para o churrasqueiro, desde a retirada de alguns radares, a situação na região ficou ainda mais perigosa.
Ele conta que atropelamentos, que eram raros, se tornaram cada vez mais frequentes. "Pra ir numa padaria, a gente tem que atravessar. Para ir até o supermercado também. Risco durante vinte e quatro horas", disse o morador que alega falta de segurança na passarela improvisada próxima as casas de moradores.
Análise de especialista
Para Silvestre de Andrade Puty Filho, especialista em transporte e trânsito, a falta de equipamentos de controle de velocidade é uma das causas de acidentes. Ele aponta que os equipamentos são eficientes pois funcionam durante todo o dia e desempenham a função de inibir a alta velocidade. "O radar é uma forma de controle e fiscalização bastante efetiva. Isso porque a alta velocidade está sempre associada a acidentes graves", alertou.
O especialista justifica a instalação dos equipamentos como forma de garantir também segurança para as mais de 6 mil famílias que vivem ao longo dos 27,3 km de rodovia. "As pessoas que estão morando ali sabem que não deveriam estar naquele lugar. Mas é uma realidade social, você precisa se preocupar", afirmou. Filho aponta ainda que outras medidas operacionais, que podem ser feitas em curto prazo, precisam ser adotadas.
A sinalização e a criação de uma área de escape de até 15 metros são algumas das medidas apontadas por ele. "O anel tem um tráfego muito pesado. É uma via preparada para ser uma rodovia e não uma via urbana. Esse conflito de usos tem como consequência esse potencial de acidentes", aponta.
De acordo com o Dnit, são 4 equipamentos instalados e em operação nos 15,4 km de extensão estão na BR-381 sob responsabilidade do órgão. O trecho tem início na Vila da Luz, na Região Nordeste da capital, e vai até o entroncamento com a BR-040. Os equipamentos estão instalados nos quilômetros 440, 448, 453 e 456.
Outros 17 radares estão instalados no trecho concedido a Via 040. Segundo a concessionária responsável pela via, todos estão em operação, conforme determinado no contratado de concessão.
DNIT retirou equipamentos em 2020
Em 2020, alguns dos equipamentos instalados no Anel Rodoviário entre os bairros Califórnia e São Gabriel foram retirados pelos Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O órgão justificou a retirada cumpria um acordo judicial homologado pela Justiça Federal em 2019.
O acordo previa a instalação de outros 1.140 radares eletrônicos em todo o território nacional. "São instalados após a aprovação dos projetos e, depois da instalação, passam por aferição do do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Somente após essas etapas, iniciam a operação, efetivamente", justificou o DNIT em nota sobre a falta desses equipamentos. O departamento não informou qual o estágio do processo.