Monoetilenoglicol

Cães intoxicados: entenda o que se sabe sobre petiscos supostamente contaminados

Até o momento, já foram identificadas 40 mortes de animais em todo país e 15 em Minas Gerais, sendo 12 delas em Belo Horizonte

Por O TEMPO
Publicado em 09 de setembro de 2022 | 19:09
 
 
 
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As mortes de cães intoxicados após consumirem petiscos deixam tutores em alerta em todo o país. A situação é investigada pela Polícia Civil de Minas Gerais e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Nesta sexta-feira (9), o órgão federal informou que análises preliminares identificaram o monoetilenoglicol como contaminante do propilenoglicol em novos lotes de produtos fabricados pela Bassar Pet Food

O propilenoglicol é um produto de uso permitido na alimentação animal se for adquirido de empresas registradas pelo Mapa. Já o monoetilenoglicol é um composto químico altamente tóxico que pode levar à morte dos pets quando ingerido. A substância é semelhante à que contaminou a cerveja Backer e deixou 10 mortos e pelo menos 16 vítimas com lesões graves

Até agora, segundo a delegada Danúbia Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor de Minas Gerais, pelo menos 40 cães morreram após consumirem os petiscos em Minas Gerais e outros oito estados, além do Distrito Federal. Minas totaliza 15 mortes de animais, de acordo com a Polícia Civil, sendo 12 delas em Belo Horizonte, uma em Piumhi e duas em Uberlândia.  

O que causou a morte dos animais?

Exames de necropsia realizado pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontaram existência de etilenoglicol no organismo de cães mortos. Perícia da Polícia Civil feita em petiscos também atestou a presença da substância no alimento. 

O composto é da mesma família do dietilenoglicol, substância apontada como a causa da morte de dez consumidores da cerveja Backer em Minas Gerais em 2019 e 2020. Ambas provocam danos severos aos rins.

Por que os petiscos estavam contaminados?

Esta é uma das principais perguntas que as investigações tentam responder. Conforme o Ministério da Agricultura, o problema teria sido causado pela contaminação do aditivo propilenoglicol, substância usada para produção de alimentos para animais e humanos, com o monoetilenoglicol. 

A princípio, a investigação identificou a contaminação em dois lotes de propilenoglicol — AD5053C22 e AD4055C21, ambos vendidos por uma fornecedora de matéria-prima, a Tecnoclean Industrial, com sede em Contagem, na região metopolitana de Belo Horizonte. A empresa alega atuar apenas como revendedora da substância.

Já na sexta-feira (9), o Mapa afirmou que as investigações ainda não determinaram a origem do aditivo utilizado "em virtude da falta de rastreabilidade dos envolvidos e da mistura de lotes de aditivos nos diferentes estabelecimentos já identificados e sem registro no Ministério".

Com a identificação de novos lotes contaminados, o Mapa determinou ainda que demais marcas de produtos para animais informem se usam o propilenoglicol e quem são os fornecedores do aditivo. Na terça-feira (7), o órgão já tinha requisitado que todas empresas do setor de alimentações que adquiriram a matéria-prima do fornecedor retirem produtos fabricados e distribuídos ao mercado.

Quais marcas estão envolvidas?

Os petiscos envolvidos são das marcas Dental Care, Every Day e Petz Sanack Cuidado Oral, todos fabricados pela Bassar. 

O que a substância tóxica causa?

Vômitos, convulsões e diarreias são alguns dos sintomas apresentados por cães supostamente intoxicados por etilenoglicol. A substância também está relacionada a problemas renais. 

O que fazer em caso de suspeita de contaminação?

Os tutores devem procurar imediatamente um veterinário após verificarem os sintomas. Além disso, a Polícia Civil também pode ser comunicada, pro meio da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (rua Martim de Carvalho, 94, Santo Agostinho, Belo Horizonte). 

O que dizem as empresas?

Responsável pela fabricação dos petiscos contaminados, a Basser, que interrompeu a produção desde a semana passada, diz que “está realizando um recall de todos os seus produtos junto a seus consumidores, solicitando que entreguem no local de venda os itens que já tenham adquirido anteriormente”.

A empresa também diz ser a “maior interessada no esclarecimento dos fatos” e que “apoia as investigações do Mapa e das autoridades policiais”. Além disso, a Bassar diz que todo processo de produção e maquinários da produção de alimentos para animais passa por perícia. 

“A empresa reforça que o etilenoglicol não faz parte de nenhuma etapa da sua cadeia de produção. A Bassar Pet Food se solidariza com todos os tutores de pets – a razão de nossa empresa existir. Os consumidores podem tirar dúvidas pelo e-mail sac@bassarpetfood.com.br”, finaliza a nota.  

A Tecnoclean Industrial, fornecedora da matéria-prima que estaria contaminada, em comunicado na sede da empresa nesta quinta-feira, informou que atua apenas como revendedora e que, por esse motivo, não possui regulamentação junto ao Mapa. 

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