O balanço epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) revelou nesta quarta-feira (23) que Minas Gerais não está tão longe do pico da pandemia do novo coronavírus quanto acreditava-se. O relatório indica confirmações para 133 mortes ocorridas em função da doença apenas entre terça-feira e esta manhã. Trata-se de uma média superior a cinco mortes registradas a cada hora, o quinto maior número diário de óbitos desde o primeiro óbito por Covid-19 no mês de março. As mortes que entraram para o boletim desta manhã aconteceram em sua maioria no período de uma semana contado entre 15 de setembro e essa terça-feira.

Com o acréscimo, a quantidade de óbitos pelo coronavírus em Minas Gerais atingiu a trágica marca de 6.897 – estando estes distribuídos em 582 municípios mineiros. O documento do Estado também aponta que a doença acomete de forma fatal especialmente aqueles mineiros com idades superiores a 60 anos.

Até esta quarta-feira, sete bebês menores de um ano morreram em Minas Gerais após contraírem o vírus, cinco crianças com idades entre 1 e 9 anos e sete adolescentes entre 10 e 19 também perderam a vida. Cerca de 5.400 mortes são de pacientes com mais de 60 anos. Entre os óbitos há em comum a presença majoritária de comorbidades como fatores de risco para a Covid-19. Segundo o relatório, em 75% dos óbitos foi constatada presença de comorbidades, sendo doenças do coração e diabetes as mais comuns entre elas.

Municípios afetados

Caiu para oito o número de cidades em Minas Gerais que ainda não tem casos do novo coronavírus, este índice representa menos de 1% do total de municípios existentes no Estado, e, portanto, a doença já atingiu 845 deles. Belo Horizonte aparece como o que concentra a maior quantidade de mortes e casos de Covid-19. Até esta quarta, 38.295 residentes na capital mineira descobriram-se infectados, sendo que 1.172 deles morreram. Logo em seguida aparece Uberlândia no Triângulo Mineiro, cujo número de casos ultrapassa 25 mil, sendo 500 mortes de moradores que contraíram o coronavírus.

O balanço desta quarta-feira também indica que Minas Gerais chegou à marca de 276.314 casos acumulados de coronavírus – entre eles estão 26,9 mil que ainda não são dados como recuperados. Apenas nas últimas 24 horas, a SES-MG declarou ter confirmado 3.081 novos casos da doença – uma média estimada em 128 casos a cada hora.

“Estabilização com viés de descida”

Cerca de seis meses e meio após o primeiro diagnóstico de coronavírus em Minas Gerais – e um mês após o pico, a situação da pandemia é tida como controlada e em um momento de “estabilização com viés de descida”, como declarou o chefe de gabinete da SES-MG, João Pinho, na tarde desta quarta-feira (23). Ele defende que o volume maior de óbitos registrados nas últimas 24 horas é fruto de uma combinação entre o represamento natural de estatísticas no final de semana e diferenças entre as datas de falecimento e de confirmação para a doença.

“Estamos em um momento de estabilização com viés de descida. O primeiro ponto é que temos um volume um pouco maior de óbitos por causa do represamento que é natural do final de semana. Outro ponto é que a gente verifica que a data de registro não é a mesma que a data de confirmação. Então, apenas pela data aproximada do falecimento é que temos uma noção do que acontece no dia-a-dia da pandemia”, esclarece.

O chefe de gabinete completa que a análise dos indicadores ligados às taxas de hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aponta para uma diminuição, o que indicaria também uma queda real na quantidade de casos ligados à pandemia. “Nós temos também uma tendência de diminuição dessas hospitalizações. Este é um dado com defasagem bem menor que o de óbitos, é, portanto, mais próxima da realidade”, conclui.