Prestes a decretar situação de emergência como tentativa de frear o avanço da dengue, Minas registra, em média, 1.016 notificações da doença por dia, segundo o último balanço da Secretaria de Estado de Saúde (SES). O cenário é crítico e afeta 60,7% dos municípios mineiros, sendo que, em 80 cidades, a incidência é considerada muito alta. Para o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, o relaxamento da população após um ano com poucas ocorrências da enfermidade e o retorno do sorotipo 2, que não circulava no Estado havia alguns anos, podem explicar a explosão de casos em 2019.

Minas Gerais se aproxima da marca de 100 mil casos prováveis – suspeitos e confirmados –, conforme boletim epidemiológico publicado pela SES na última segunda-feira. É mais que a soma de registros da doença em todo o período de 2017 e 2018, que terminaram com 25.933 e 29.369 casos, respectivamente.

Tabuleiro, pequeno município da Zona da Mata com 3.963 moradores, lidera o ranking de cidades com a maior incidência de dengue. Já são 157 notificações no ano, segundo a secretária municipal de Saúde, Lucimar de Freitas, o que significa que 3,9% da população relatou sintomas desde janeiro.

O infectologista Estevão Urbano avalia que, além da falta de prevenção por parte da população e das autoridades, a volta do vírus tipo 2 justifica a elevação de casos. “Quando um vírus fica um tempo sem circular e volta, ele pega um número de pessoas mais suscetíveis. Esse é outro fator que pode ter sido relevante nessa epidemia”, explica.

Imunização. Começa nesta quarta-feira (10) a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. Na primeira fase, serão priorizadas crianças com entre 1 e 6 anos, grávidas e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto).

Situação do Barreiro é a mais crítica

Em Belo Horizonte, onde já foram confirmados 2.398 casos de dengue e outros 7.138 aguardam confirmação por exames, a maior preocupação é com a regional Barreiro. Somente nos bairros da região, 1.610 pessoas procuraram o serviço de saúde com sintomas da doença até a última sexta-feira.

Segundo o diretor de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, Eduardo Viana, a suspeita é que a circulação do vírus 2 tenha contribuído para a alta de casos no Barreiro.

A vendedora Ana Paula Ferreira Moura, 20, moradora do Barreiro, começou a apresentar os primeiros sinais da enfermidade – manchas pelo corpo, dores nos olhos, febre e tontura – no último domingo. “Fui levar meu namorado, que está com dengue, ao hospital, e, ao retornar, já vi minhas pernas manchando”, relatou a jovem, que não sabe identificar onde pode estar o foco do Aedes aegypti que a picou.