A Polícia Civil divulgou, na manhã desta quinta-feira (24), detalhes das investigações iniciais que levaram à prisão de um médico, de 51 anos, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Ressaca, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Em um dos depoimentos, o médico do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) afirmou que usou equipamentos da própria unidade de atendimento para tentar salvar a vida do idoso Osvaldo Xavier dos Santos, de 72 anos, que não resistiu e morreu. A versão dele contradiz o clínico geral, que alegou falta de materiais para realizar o atendimento.
"O delegado que recebeu o caso entendeu que o médico tinha o dever legal de agir. Essa recusa é penalmente relevante. Não podia recusar atendimento, então o delegado entendeu que ele deveria responder pelo crime de homicídio", explicou o delegado Luciano Guimarães, chefe da Delegacia Regional de Contagem.
Assista a um trecho da coletiva de imprensa com o delegado Luciano Guimarães:
Ainda segundo o policial, o médico alegou em depoimento que não se negou a realizar o atendimento em nenhum momento. Segundo ele, a UPA estava lotada e ele estaria olhando a condição clínica de outros pacientes para tentar buscar um leito vago para atender a vítima.
Questionado em relação ao fato que o médico da UPA afirmou que no local não tinham materiais necessários para o atendimento do idoso, versão que consta no registro do boletim de ocorrência da Polícia Militar, o delegado explicou que outro depoimento contradisse a versão do suspeito.
"O médico do Samu, que se encontrava em outra unidade e foi para a UPA Ressaca, afirmou que usou os próprios equipamentos da UPA. Isso consta em depoimento. Além dele e do médico que acabou preso foram ouvidos dois socorristas do Samu, um outro médico da UPA e um policial militar", detalhou o policial.
Após o depoimento, o médico preso em flagrante foi encaminhado ao Complexo Penitenciário Nelson Hungria e vai ficar numa cela especial em razão de ter curso superior. Ainda não há informações sobre a audiência de custódia do médico preso.
Corpo
O corpo do idoso já havia sido liberado para a funerária, mas, com o desenrolar da ocorrência, precisou ser encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) da capital.
"É um procedimento normal. Quando se trata de homicídio, a vítima é encaminhada ao IML para verificar a causa morte. Para que seja realizada a necropsia", finalizou o delegado.
A reportagem de O TEMPO não conseguiu contato com o advogado de defesa do medico da UPA.
Prefeitura de Contagem
A Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria de Saúde, informou à reportagem que foram solicitados relatórios do caso para as Polícias Militar e Civil, além da gerência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Ressaca. A partir na análise dos relatórios, a Secretaria de Saúde tomará as medidas cabíveis.
Atualizada às 13h10