Saúde em risco

Diabéticos enfrentam dificuldade para conseguir insulina pelo SUS em BH

Ministério da Saúde alega manter todos os esforços para fornecer todos os medicamentos mesmo com as dificuldades da pandemia

Por Rômulo Almeida
Publicado em 13 de setembro de 2021 | 17:32
 
 
 
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Há pelo menos três meses, diabéticos estão com dificuldade para ter acesso à insulina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Belo Horizonte. O problema estaria sendo causado por um atraso no fornecimento do hormônio aos Estados por parte do Ministério da Saúde (MS). Os pacientes estão sendo obrigados a comprar o medicamento com recursos próprios para evitar o descontrole da doença que pode causar uma série de complicações e até a morte.

O MS disse que, para o atendimento ao Estado de Minas Gerais, foram entregues mais de 40 mil canetas de insulina entre julho e setembro. Outras 13.695 unidades estão previstas para serem entregues até o fim do mês. A pasta reitera que nos próximos meses inicia as entregas para o 4º trimestre.

"Mesmo com as dificuldades enfrentadas em razão dos problemas ocasionados pela pandemia da Covid-19, o Ministério da Saúde mantém todos os esforços para garantir o abastecimento de medicamentos ofertados pelo SUS", disse o órgão federal, em nota.

A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que a distribuição da insulina é centralizada pelo MS e que, no caso da falta do insumo, os pacientes são orientados a procurar o médico para avaliar a possibilidade da transcrição de um outro medicamento. 

A falta da insulina de ação ultra-rápida na rede pública atrapalha o tratamento da diabetes, explica o endocrinologista Adauto Versiani. "A secretaria acha que na rede pública de saúde o paciente tem acesso fácil ao médico, mas não tem. E o povo mais carente às vezes demora até um mês para conseguir voltar ao médico. Não tem outra insulina pelo SUS com a mesma especificidade, então teria que mudar o tipo de controle, o que implica monitorização mais de perto, o que pode implicar descontrole da diabetes, até ao coma e à morte", diz o especialista. 

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) disse que em junho e no início do mês de agosto deste ano ocorreram atrasos na entrega do medicamento pelo Ministério da Saúde, o que motivou o desabastecimento. Segundo a pasta, a situação foi corrigida pelo MS, e a SES-MG autorizou recentemente a distribuição da Insulina Gulisina para atendimento integral da necessidade das Regionais de Saúde do Estado.

Mas nem sempre a insulina chega a tempo aos pacientes que ficam na ponta dessa cadeia logística e não podem parar o tratamento. Diabético há 15 anos, o assistente financeiro Márcio Rezende, 37, está comprando a insulina com o próprio dinheiro enquanto não consegue o medicamento na rede pública em BH.

"Quando eu vou buscar respondem apenas que não têm e me dão a negativa. Com isso, sou obrigado a comprar, não tem como ficar sem. Sem a insulina a gente fica inseguro quanto à qualidade de vida que vamos ter no futuro", lamenta. 

Medicamento vital. 

A insulina é o hormônio responsável por levar energia para o interior das células, evitando uma série de problemas em diversos órgãos. "Como não é possível enviar energia para dentro da célula, a pessoa fica com a sensação de que está cansada, então ela começa a tomar água, urinar muito emagrecer, e o organismo tem que buscar outra fonte de energia e começa a quebrar proteína e gordura, o que causa a liberação de ácidos que causa uma descompensação tão grande que pode levar ao coma e à morte", detalha o médico. 

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