Duas empresas que operam no transporte público de Belo Horizonte anunciaram "colapso" e informaram que vão deixar de prestar o serviço na capital. A decisão, conforme o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), vai afetar de imediato 106 veículos de diversas linhas.

Já nesta quinta-feira (13), de acordo com a entidade, 88 ônibus da Viação Transoeste deixam de rodar nas ruas do município. A empresa tem 28 linhas, sendo cinco compartilhadas e uma da rede de domingo, e atende as regiões Barreiro, Central, Área Hospitalar, Centro-sul, BH Shopping e Anel Rodoviário.

As linhas que vão deixar de rodar são: 32 – 35 - 303 - 304 – 305 – 308 – 309 – 310 - 311 - 313 - 314 – 315 - 318 – 319 - 325 - 329 – 330 – 332 - 335 - 336 - 337 - 340 – 3029 – 3055 – 3250 – 3350

A partir de domingo (16), outros 18 ônibus pertencentes ao Consórcio Dom Pedro II também param de trafegar. No entanto, o Setra ainda não informou quantas linhas serão afetadas. A quantidade de passageiros prejudicados com a medida também não foi divulgada.

Falta de dinheiro

A falta de verba para comprar óleo diesel foi apontado como o principal motivo da suspensão. Em nota, o Setra informou que as empresas não têm "viabilidade financeira para contínua aquisição do insumo". Em outro trecho do comunicado, ressaltou que a medida foi tomada por falta de "alternativa".

"O SetraBH lamenta a crise e destaca que os maiores prejudicados serão os usuários que deixarão de ser atendidos pelas duas empresas. A entidade e os Consórcios Dez e Dom Pedro II estão em contato com o poder concedente (PBH) para viabilizar uma solução emergencial para a crise", declarou.

Além de insumos como o óleo diesel, que vem sofrendo aumentos constantes, a entidade reforçou que "todo o sistema está com extrema dificuldade de manter os salários de seus funcionários em dia tamanho é o desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos e os efeitos deletérios da pandemia no transporte público urbano em todo o país, com a redução gigantesca do número de passageiros".

O Setra frisou que o "colapso" não tem relação com as chuvas que castigam Minas Gerais nem com fechamento de vários trechos de rodovias que cortam o Estado. "É falta de dinheiro", sentenciou.

Procurada pela reportagem, a prefeitura declarou que foi informada "e está buscando uma solução para o problema de maneira que a população não saia prejudicada". O prefeito Alexandre Kalil marcou uma reunião de urgência, nesta quinta, com representantes do Setra para discutir o caso.

Crise no transporte público

Além das duas empresas, o Setra declarou que, em breve, outras empresas também devem anunciar a suspensão das operações. "O Setra-BH e os Consórcios Dez, Pampulha, Dom Pedro II e BH Leste estão envidando os melhores esforços para uma solução urgente, mesmo tendo um contrato há muito desequilibrado econômica e financeiramente, na manutenção do serviço essencial à população".

Novela

O valor da passagem de ônibus em BH foi queda de braço entre o município e as empresas. No fim do ano passado, após várias reuniões, Kalil anunciou que o bilhete terá redução a partir de fevereiro. O preço da principal tarifa passará de R$ 4,50 para R$ 4,30, entretanto, a proposta ainda precisa ser aprovada pela Câmara Municipal.

No arranjo feito entre a PBH e o sindicato, a prefeitura vai assumir o pagamento das gratuidades no transporte público, orçadas em cerca de R$ 12 milhões por mês. Pelo acordo, o dinheiro sairá do caixa da prefeitura. Os detalhes de como isso será feito ainda não foram divulgados.