O desespero de ter a moto furtada no mesmo dia em que soube da morte da mãe levou o gari André Araújo Leandro Pereira, 37, a gravar um vídeo em que pede ajuda para recuperar o único bem que tem em seu nome. A gravação circulou pelas redes sociais nesta semana.
O furto ocorreu no dia 7 de julho, na avenida Raja Gabablia, no bairro Gutierrez, região Oeste de Belo Horizonte. André Araújo teria estacionado a moto da marca Honda, modelo Titan, azul, de placa QPP-4994 na via para ir até o Hospital Madre Teresa, para ter notícias da mãe que havia passado por uma cirurgia de troca de uma das válvulas da ponte de safena.
“O hospital tem um estacionamento pago, mas eu não tinha condições de pagar. Eu vi várias motos na rua e parei lá. No que eu fui para o hospital fiquei sabendo que minha mãe não resistiu à cirurgia e faleceu”, conta.
Abalado pela notícia, o gari explica que pensou em ir embora imediatamente, mas familiares o pediram que ficasse no hospital. “Eu queria ir, mas meus familiares pediram que eu ficasse mais um tempo. Fiquei. Quando fui ver a moto tive essa outra triste notícia, de que ela havia sido roubada”, explica.
Na gravação que circulou pelas redes sociais, André Araújo faz um apelo para que a moto que ele utiliza para ter uma segunda renda, como entregador de delivery, seja devolvida. “Quem pegou, pelo amor de Deus, me ajuda aí. Eu sou gari, entendeu. Tenho cinco filhos para tratar, o negócio está feio pro meu lado. Estou cumprindo aviso prévio na empresa, teve redução de funcionários por causa da pandemia. Me ajuda aí, gente”, diz no vídeo.
Em outro trecho ele pede que quem furtou a moto, pelo menos a abandone em algum lugar que possa ser achada. “Eu já estou com um sentimento ruim pela minha mãe e agora perco a minha moto. Faz isso não, gente. Quem pegou, que Deus abençoe com um emprego, alguma coisa, mas não tira isso de uma pai de família. Quem pegou põe ela na rua. Põe em qualquer lugar, não faz isso comigo não, eu preciso mesmo”, lamenta.
Apartamento, separação e pensão alimentícia
Prestes a completar 38 anos no dia 25 deste mês, André Araújo parece estar vivendo o inferno astral. Morador do bairro São Bendito, em Santa Luzia, na região Metropolitana de Belo Horizonte, ele diz que a mãe o ajudava a colocar comida na mesa de casa, com a renda da aposentadoria. Sem a moto que foi furtada, ele também não pode fazer as entregas delivery para aplicativos e uma loja de sanduíches próxima à casa dele na qual fazia bicos. A atual esposa, segundo ele, também decidiu pela separação do casal e saiu de casa.
“Foram muitas brigas e minha esposa decidiu ir embora do nosso apartamento. Minha mãe sempre me ajudava com alguma coisa e eu ainda tenho a pensão dos cinco filhos pra pagar. Minha mãe dizia pra eu preocupar em não ser preso e pagar a pensão dos meninos, que com a comida aqui em casa ela ajudava com a aposentadoria”, disse.
Além de toda essa situação, na próxima semana, André Araújo também termina de cumprir aviso prévio na empresa de tratamento de resíduos que trabalha como gari. “Houve uma pequena redução de funcionários com a pandemia de coronavírus e eu fui demitido. No dia 27 deste mês eu termino o aviso prévio”, explicou o gari.
Sem o salário da empresa nos próximos meses e sem a moto para trabalhar no delivery, o gari teme ficar completamente sem renda. Com as entregas, ele diz que conseguia tirar uma média de R$ 50 por dia, nos finais de semana, que ra quando se dedicava mais à atividade. “Ainda tenho a prestação do apartamento para pagar”, lamenta.
Esperança
Apesar de tantos acontecimentos em um curto espaço de tempo e mais de uma semana sem notícias da moto, André Araújo conta que tem se apegado à religião para acreditar que ela vai ser encontrada e que espera conseguir encontrar um novo emprego. “Está sendo muito difícil. Sem a amoto eu não estou tendo ânimo pra fazer as coisas, mas estou crente que Deus vai fazer alguma coisa pra me ajudar”, acredita.
Quem tiver alguma informação da moto pode entrar em contato pelo telefone: (31) 99685-4748