A perda do emprego pode ter sido o gatilho para um feminicídio em Lavras, no Sul de Minas Gerais. Demitido, um homem de 64 anos não se conformava com a mulher, de 52, sustentar a casa. Nesse domingo (14), após uma briga do casal motivada pelo barulho feito pelo homem, o suspeito espancou Irene Aparecida Borges até a morte.
De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO) da Polícia Militar, o suspeito iniciou uma discussão com a vítima e pegou um tamborete - um banco de madeira - e bateu na cabeça da mulher, depois ele ainda se muniu de uma faca e esfaqueou Irene no pescoço e na cabeça.
Depois do crime, o homem teria saído para a rua gritando e contou para um vizinho o que tinha feito. Ele ainda tomou veneno em uma tentativa de se matar. Quando os militares chegaram ao local do crime, no bairro Belo Horizonte, encontraram Irene dentro de casa já sem sinais vitais e o suspeito caído ao chão na rua. Ele não resistiu a prisão.
O homem foi levado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da cidade onde foi atendido e liberado. Ele foi encaminhado a Delegacia de Plantão da Polícia Civil de Lavras, foi ouvido e encaminhado ao presídio da cidade por feminicídio.
Inicialmente, aos policiais civis, ele disse que a mulher estava arcando com todas as contas da casa e, por causa disso, os dois estavam tendo brigas frequentes. O homem foi demitido e a mulher continuou trabalhando como auxiliar de serviços gerais.
No entanto, para a delegada, o suspeito alegou que agiu em legítima defesa. Segundo ele, os dois estavam em casa, ele tocando sanfona e ela assistindo televisão. Incomodada com o barulho, a mulher teria avançado para cima dele com uma faca e, para se defender, o suspeito a teria atingido na região da cabeça com um banco de madeira. Aos investigadores, o agressor reconheceu a desproporção de seu golpe.
O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) de Lavras, ela teve afundamento do crânio e foram constatadas também as duas facadas. O corpo de Irene será enterrado nesta segunda-feira (15) às 16h30 no Cemitério Paroquial da Saudade.
O casal estava junto há 17 anos. Uma filha deles disse a polícia que a mãe era frequentemente agredida pelo homem, mas não denunciava as agressões que acabaram culminando no feminicídio. A Polícia Militar informou que nem o suspeito nem a vítima tinham passagens pela polícia.
PM ressalta a importância da denúncia
A tenente Edilaine Andrade de paulo Carvalho, chefe da sessão de comunicação da Polícia Militar de Lavras informou que embora as brigas do casal fossem frequentes, nenhuma denúncia em relação ao suspeito foi feita.
"A gente sabe do receio e do temor das mulheres de denunciarem, mas a denúncia é importante para que a mulher saiba dos direitos dela e para que a polícia possa agir na prevenção. Se esses casos tê acompanhamento isso evita que esses crimes cheguem ao feminicídio, como foi nesse caso, ou até mulheres que têm lesões graves", disse a tenente.
A cidade de Lavras conta com uma Patrulha de Prevenção e Orientação da Polícia Militar para prevenir crimes contra às mulheres. "As mulheres precisam saber que elas têm algumas proteções como a medida protetiva que determina que o suspeito fique longe da vítima e se ele descumprir pode até ser preso", considera a policial.
Ela orienta que as mulheres agredidas ou quem souber de agressões entre em contato pelos telefones 180, que atende às mulheres ou pelo 190 da Polícia Militar.
Querida na cidade
Ela era muito querida pelos moradores de Lavras e pelo Facebook várias pessoas lamentaram a morte dela.
"Uma pessoa muito querida por nós da Unilavras (instituição que ela trabalhava)', disse uma usuária pelo Facebook. "Uma pessoa excepcional de um coração maravilhoso, maior que o mundo", lamentou outra também pela rede social.
Atualizada às 17h55.