Pode durar até três dias o júri dos dois integrantes da torcida organizada Máfia Azul, do Cruzeiro, que são julgados nesta terça-feira (9 de maio) no Fórum Lafayette, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A dupla responde por um homicídio e outras nove tentativas em decorrência de um ataque a um ônibus com torcedores da torcida rival, a Galoucura, do Atlético, ocorrido em novembro de 2021 na Via do Minério, na região do Barreiro. 

O julgamento teve início por volta das 8h30, quando foi formado o conselho de sentença, integrado por três mulheres e quatro homens. A previsão de uma duração de dois a três dias foi feita pelo juiz Ricardo Sávio Oliveira, do I Tribunal de Júri, em decorrência do grande número de testemunhas que serão ouvidas.

Estão previstas as oitivas de 23 pessoas até o fim do júri. Até as 10h30 desta terça, somente duas destas testemunhas haviam prestado depoimento. A previsão é que o júri seja interrompido por volta das 18h e seja reiniciado na quarta-feira (10) às 8h30.

Desde a conclusão do inquérito da Polícia Civil, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) já denunciou seis cruzeirenses, entretanto, nesta terça, somente dois deles serão julgados. O julgamento da dupla estava marcado, inicialmente, para o dia 14 de fevereiro deste ano, mas foi cancelado após duas vítimas faltarem ao tribunal. Enquanto isso, os dois réus aguardaram em liberdade pelo julgamento, mas foram proibidos de frequentar qualquer estádio de futebol. 

Suspeitos atearam fogo e impediram saída de passageiros

Durante o júri, uma das testemunhas ouvidas foi um sargento da Polícia Militar (PM) que participou da prisão dos suspeitos. Ele deu detalhes do ocorrido e relatou que, durante o ataque, os torcedores chegaram a atear fogo no coletivo repleto de torcedores rivais. 

"Jogaram um coquetel molotov (artefato explosivo caseiro) e não deixaram eles abrirem a porta do ônibus para sair. Ficaram jogando pedras, usaram pedaços de pau para impedir que os passageiros saíssem dali", detalhou o militar. 

Além do agente, a primeira testemunha ouvida foi uma das vítimas de tentativa de homicídio. Ela relatou o que se lembrava do momento do ataque, as agressões que sofreu e disse não se recordar do rosto dos dois réus.

A terceira testemunha foi um investigador de plantão da Polícia Civil. Segundo ele, foram colhidos relatos de diversas pessoas, que não se conheciam entre si e estavam no coletivo. Com isso, foi possível concluir que o jovem que morreu no atentado chegou a tentar fugir pela janela, mas acabou sendo atingido na cabeça e desmaiou. Mesmo desacordado, os cruzeirenses ainda teriam desferidos uma série de ataques contra o rapaz. 

Relembre o caso 

A emboscada foi registrada na rua dos Industriários, no bairro das Indústrias, após a partida entre o Galo e Fluminense pelo Campeonato Brasileiro. As vítimas estavam dentro do ônibus da linha 6350 (Estação Vilarinho/Estação Barreiro) quando o ataque aconteceu. De acordo com militares, passageiros contaram aos policiais que o coletivo foi interceptado por um Chevrolet Blazer, onde estavam os suspeitos. 

Em seguida, os vândalos começaram a jogar pedras, foguetes, pedaços de pau e barras de ferro contra o veículo. Os feridos têm entre 50 e 19 anos, sendo duas mulheres. As vítimas foram levadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Diamante e para um hospital particular. O jovem de 20 anos, socorrido em estado grave, foi encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro João XXIII, mas não resistiu.