Desde segunda-feira (11), uma das duas unidades da academia Viva Mais, no bairro João Pinheiro, na região noroeste capital, estava de portas abertas graças a uma liminar obtida na Justiça no dia 5 de maio. Mas a abertura durou pouco: na terça-feira (12), segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a desembargadora  Ângela de Lourdes Rodrigues, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, atendeu a um recurso da PBH e suspendeu a liminar, obrigando a academia a fechar as portas novamente. 

No começo da tarde desta quarta (13), porém, a reportagem esteve na academia e ela estava funcionando. De acordo com Antônio Turquia, proprietário do estabelecimento, nem ele nem seus advogados foram comunicados da suspensão, e ele só teria ficado sabendo do fato pela imprensa por volta das 13h30 desta quarta. Ao redor das 16h, ele avisou à reportagem que reabriu as portas da academia aproximadamente nesse horário, por ainda não haver recebido notificação formal da suspensão da liminar.  

“Estava fluindo muito bem, mas o prefeito Kalil deve ter levado (a abertura) para o lado pessoal, não sei o que foi”, diz Turquia. Ele diz que a academia corre o risco de decretar falência, se não retomar o funcionamento, e que já demitiu cerca de 15 funcionários, de 35. 

Uma funcionária que estava mais cedo no local explicou que a academia vinha funcionando nos turnos de 7h a 12h e de 14h30 às 20h30, com lotação máxima de 30 alunos por hora — segundo ela, a capacidade normal é de 300 pessoas por hora.  Ela disse que, na entrada da academia, era borrifado álcool em gel no calçado dos frequentadores, que também tinham a temperatura medida. 

Por volta das 12h, a reportagem conversou um casal alunos que saíam da academia vestindo máscara — de uso obrigatório mesmo durante exercícios aeróbicos, como corrida na esteira.  

Segundo a assistente social Jennifer Oliveira, 28, ela e o marido eram os únicos na academia naquele horário e, à noite, o espaço vinha reunindo de oito a dez pessoas. “Fico preocupada de fechar de novo”, contou. Seu marido, o empresário Israel Ribeiro, 32, disse que sentia falta da atividade para aliviar o estresse, que estava aumentando durante a pandemia.

Mesmo após um decreto federal incluindo academias entre as atividades essenciais, que podem continuar funcionando durante a pandemia, o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) é que cada Estado e município tem autonomia para decidir se permite a abertura desses locais ou não. Em Belo Horizonte, a abertura segue proibida.