Em BH

Kalil cancela evento da Academia Transliterária na Virada após polêmica

Anúncio foi publicado pelo prefeito Alexandre Kalil, em sua conta oficial no Twitter, no início da tarde desta sexta-feira (19)

Por Franco Malheiro, Lara Alves e Lucas Henrique Gomes
Publicado em 19 de julho de 2019 | 12:22
 
 
 
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Uma petição online com mais de 14 mil assinaturas, um vídeo gravado por um vereador de Belo Horizonte, uma nota de repúdio da Arquidiocese de Belo Horizonte e outras publicações em redes sociais causaram polêmica diante do anúncio da "Coroação a Nossa Senhora dos Travestis", evento da Academia TransLiterária previsto para acontecer neste sábado (20), às 20h, à frente da Igreja São José. 

Diante disso, a apresentação foi cancelada e retirada da programação da Virada Cultural. Após uma mensagem enigmática no Facebook, em que não esclarecia se a performance aconteceria ou não, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), publicou em sua conta oficial no Twitter: "estou comunicando que o evento está cancelado". 

Alguns minutos antes do anúncio oficial, o Secretário Municipal de Cultura, Juca Ferreira, confirmou à reportagem apenas que a organização analisou o conteúdo da performance e não considerou que ela de alguma forma ofendesse a fé católica, mas, devido ao impasse gerado, o evento poderia, sim, ser cancelado. 

A performance preparada pelos artistas do coletivo e já apresentada no Festival Internacional de Teatro (FIT-BH) é, segundo eles, uma apresentação ritualística para a Nossa Senhora das Travestis. Uma procissão estaria preparada, onde seriam distribuídos santinhos com oração à santa e, simultaneamente, seriam entoadas músicas e paródias. 

Assista:

Desde que o anúncio oficial foi feito, alguns grupos se posicionaram contra e, desde quinta-feira (18), circula pelas redes sociais comentários negativos diante da possibilidade da realização da performance. Uma petição online denominada "Pela anulação do evento 'Academia TransLiterária'", solicita ao prefeito do município o cancelamento em nome dos "cristãos e todos os homens de boa vontade".

No documento online, apoiadores decretam que a coroação seria "uma afronta grave e direta contra o sentimento religiosos dos cristãos (...), permitir a realização é autorizar um ataque direto e frontal de uma minoria intolerante". 

Já na manhã de sexta, um dia antes do evento, a Arquidiocese de Belo Horizonte, através de dom Walmor Oliveira de Azevedo, reforçou o pedido expresso no requerimento e publicou: "Exigimos e esperamos que as autoridades competentes e organizadores suspendam este evento, por ser incontestável fomento ao preconceito e à discriminação, desrespeito aos valores da fé cristã católica". 

Por outro lado, apesar dos ataques, algumas pessoas surgiram para apoiar e defender a realização da coroação. Internautas no Facebook pediram aos grupos contrários que fizessem "menos julgamentos" e interpretassem "melhor" as intenções dos artistas ao proporem a performance.

O coletivo Academia TransLiterária publicou um posicionamento em que acusa o prefeito Alexandre Kalil de ter feito "censura" e diz que não quer mudar nenhuma religião".  

Leia na íntegra a nota da organização da Prefeitura de Belo Horizonte:

“A organização da Virada Cultural de Belo Horizonte informa a suspensão da performance da Academia Transliterária, uma das 447 atrações previstas na programação. 

Ao ser selecionada por meio de um chamamento público, em nenhum momento houve intenção de ferir a crença religiosa de qualquer pessoa ou grupo. Mas na medida em que uma parte da sociedade sentiu-se duramente ofendida, optou-se, então, pela suspensão da atividade.

A Virada Cultural de Belo Horizonte é um evento que preza pela pluralidade e que tem como objetivo a convivência pacífica e harmônica entre todos os cidadãos.”

 

Texto atualizado às 18h45

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