A enfermeira Ana Manoela Luz Caldeira, de 34 anos, passou quase uma semana com diarreia intensa. Foram quatro dias com idas frequentes ao banheiro, acompanhadas de cólicas fortes e desidratação. Ao consultar um médico, o diagnóstico foi de virose, e o tratamento para cura envolveu repouso e ingestão de soro de reposição via oral. “O auge da diarreia durou uns 4 dias, mas fiquei ruim por duas semanas até melhorar tudo”, relembra. Ela teve um dos cinco surtos de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA), em Belo Horizonte, apenas no mês passado. Em 2025, segundo a secretaria municipal de saúde, já foram 23 surtos do tipo.

Já em Contagem, na Região Metropolitana da capital, foram registrados 1.696 atendimentos por gastroenterites e Doença Diarreica Aguda (DDA) nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Contagem, nas últimas quatro semanas (entre 11/08 a esta quinta-feira, 04/09). 

O perfil mais frequente observado em Contagem foi o de mulheres entre 20 e 29 anos, seguido por homens da mesma faixa etária. Até o momento, não há definição sobre a causa específica dos episódios, sendo mantida a investigação epidemiológica em conjunto com as demais equipes técnicas da Secretaria Municipal de Saúde.

Na casa da fotógrafa Stephany Silveira, de 33 anos, a primeira pessoa a ter os sintomas foi a filha, de 4 anos. “Começou na sexta passada e ficou até domingo. Eram fezes moles e com forte odor, além de dores na barriga, na região do umbigo, uma febre baixa e prostração”, conta. Agora, é a própria Stephany quem começou a ter os sintomas. “Hoje tive um episódio de dor e diarreia. Mas parece que não vai para frente”, completou. 

A contaminação por DTHA, em geral, é causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados, mas, segundo a médica clínica geral Andréa Ferreira Tavares, também pode ocorrer de pessoa para pessoa. “Pode ser pelo contato com pessoas que estão contaminadas, pelo compartilhamento de utensílios, comidas, bebidas, gotículas de saliva, espirros e tosse”, disse.

Ainda segundo a médica, medidas gerais de higiene, como sempre lavar as mãos, além de evitar lugares fechados e com muita gente, são formas eficazes de evitar o problema.

“Para considerar gastroenterite, tem que ter náuseas, vômitos, mal-estar estomacal e diarreia. Quando tem só diarreia, é só enterite. A princípio, a forma de lidar com esses problemas é a hidratação vigorosa e dieta branda, além de buscar ajuda médica quando os sintomas estiverem muito intensos ou não melhorarem com hidratação oral e dieta”, acrescentou.

A dona de casa Daniela Rosaria dos Santos, de 33 anos, precisou ir ao médico porque o quadro de diarreia do filho, de 3 anos, persistiu. Ao todo, a criança passou 11 dias com fortes dores na barriga. “Fomos ao médico e ele disse que era virose. Passou soro e um remédio para repor a flora intestinal”, disse. Segundo ela, casos semelhantes ao que ela presenciou com o filho têm sido recorrentes.


Confira as dicas da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte para prevenir gastroenterites:

  • Consumir alimentos dentro do prazo de validade;
  • Lavar bem os alimentos antes do consumo;
  • Lavar as mãos após uso de sanitários;
  • Não compartilhar copos e talheres;
  • Nos dias de temperatura mais elevada usar roupas leves e se hidratar.