São em duas ligações a cobrar de 23 segundos, cada, feitas às 20h16 às 20h17 da última sexta-feira (25), que o motorista Renato do Carmo Junuário, de 24 anos, deposita as esperanças de encontrar o irmão, que no momento da tragédia estava no refeitório da Barragem I da mina do Córrego do Feijão em Brumadinho. O irmão dele, Rangel, 23, era técnico da Vale.
“Eu tenho informações de uma pessoa que estava com ele que na hora do estouro meu irmão estava no refeitório. No dia inteiro nós tentamos conversar com ele e fizemos umas quatro ligações pra ele a cobrar, porque não tínhamos crédito, e nada. Mas na quinta vez ele atendeu e depois também. Não sei se foi ele quem atendeu, mas alguém atendeu. Tocou a musiquinha a cobrar”, afirmou.
Renato conta ainda que depois disso tentou falar outras vezes com o irmão, mas que não teve mais resposta: “A certeza é que o telefone foi atendido, não sei se foi ele. E se na área da Vale não tinha rede, por que o telefone do meu irmão chamou?”.
Ainda segundo ele, depois disso procurou a as autoridades na Estação do Conhecimento, local onde está o ponto de apoio da Vale para os familiares da vítima, mas que até agora não conseguiu respostas.
“Isso pode ajudar a encontrar meu irmão e outras pessoas. Ô gente, é muita tristeza para o coração de todo mundo isso. Meu irmão queria que eu trabalhe com ele ainda e acontecer uma coisas dessas. Ninguém faz nada, move nada”, fala emocionado.
Renato também diz que o sofrimento é maior porque numa primeira lista divulgada pela Vale o nome dele estava entre os encontrados, mas que agora está na lista dos desparecidos.
O major Marcos Pereira da Defesa Civil de Minas Gerais afirmou que nesses casos as informações são encaminhadas para o Centro de Informação e Controle e passam a fazer parte do plano de cada órgão envolvido nas operações.