Moradores do bairro Nascentes Imperiais, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e representantes de movimentos sociais fazem na manhã deste domingo (7) uma manifestação contra o traçado proposto pelo governo de Minas Gerais para o Rodoanel. A manifestação tem como objetivo a garantia de moradia para as famílias que residem no bairro, onde está a represa de Várzea das Flores, além de comunidades quilombolas que podem ser afetadas pela obra.
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De acordo com os representantes, o governo não realizou levantamneto in loco para saber quais e quantos povos seriam impactados pela obra. "A obra é eleitoreira e atende os interesses das mineradoras", disse a coordenadora nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Fernanda de Oliveira Portes.
O ato está concentrado na rua Oitenta e Cinco, no bairro Nascente Imperiais. Cerca de 50 pessoas estão reunidas no local e seguirão em passeata pelo bairro. Os manifestantes estão com faixas e bandeiras contra o projeto, que tem o leilão do edital para a concessão da obra marcado dia 12 de agosto. "Não trocaremos água e moradia por rodovia!", aponta uma das faixas.
A autônoma Sônia Damazia Silva, de 42 anos e que reside no bairro há cerca de 13 anos, o governo não dialogou com a população. "Tiveram várias audiências públicas e o Governo não compareceu. A última que teve no bairro, foi uma reunião de esclarecimento", disse Sônia, questionando o secretário de Infraestrutura de Minas Gerais, Fernando Marcato. Sônia, que reside no bairro com o marido, dois filhos e a mãe, pede para que o projeto não avance. "Somos um bairro carente. Precisamos de outras melhorias, não de rodovia", desabafou.
O projeto apresentado para o Rodoanel Metropolitano prevê aproximadamente 100 quilômetros de extensão e uma parceria público-privada. O Estado arca com R$ 3 bilhões, recurso proveniente do acordo com a Vale pela Tragédia de Brumadinho. O restante, cerca de R$ 2 bilhões, são de responsabilidade da empresa que vencer o leilão pela rodovia. A concessão é de 30 anos de operação.
A reportagem procurou o governo de Minas Gerais e não teve retorno sobre os questionamentos.