Os médicos que atenderam a atendente de banco Renata Avelino Bretas, 35 anos, que morreu seis dias depois de ser submetida a um procedimento cirúrgico de lipoaspiração e implante de próteses de silicone nos seios, afirmaram nesta terça-feira (23) que o caso foi uma fatalidade. Eles acreditam que a morte tenha sido causada por uma embolia pulmonar aguda, que não poderia ter sido prevista.
Segundo os médicos, Renata foi atendida na Clínica Forma, na região Centro-Sul da capital, pela primeira vez em 2014 e, na época, foi submetida a uma pré-avaliação, que mostrou que ela não apresentava nenhum problema de saúde, não fumava, não bebia e não fazia uso de nenhuma medicação, quadro que se manteve neste ano, quando ela voltou a procurar o local.
De acordo com a equipe, Renata passou por uma série de exames pré-operatórios, como de sangue e urina, passou pela consulta de risco cirúrgico e foi classificada como paciente de baixo risco. Ela realizou a cirurgia na última quarta-feira (17) e, conforme os médicos, o procedimento foi tranquilo e durou menos de duas horas.
“A paciente foi para a sala de recuperação acordada, ficou na sala de recuperação no tempo preconizado, preenchendo todos os critérios de liberação. Foi para o apartamento e lá também nos temos todos os registros da evolução dessa paciente. Ela se levantou e alimentou e preenchia todos os critérios de alta hospitalar”, disse o médico anestesista Dener Augusto, responsável pela anestesia da paciente.
Dois dias depois da cirurgia, Renata voltou a clínica para a consulta de retorno. Segundo os médicos, ela chegou andando e conversando e não apresentava falta de ar ou tosse, mas sim uma dor nos seios que seria comum em quem faz cirurgia de prótese de mama.
Ela teria passado o final de semana bem, sem se comunicar com a equipe da clínica, e, na segunda-feira pela manhã, após acordar bem, pediu ao pai para sair e comprar algo. Quando ele retornou, notou que ela estava passando mal. Renata foi encaminhada para o Hospital São Vicente de Paula e morreu. A suspeita é que a causa tenha sido uma embolia pulmonar aguda. “Pode ocorrer a qualquer momento e em questão de minutos. Pode ter sido desencadeado por uma trombose no mesmo dia, no dia anterior, antes da cirurgia, não temos como saber porque a paciente não teve nenhuma manifestação clínica de trombose e não nos queixou nada a respeito disso”, afirmou o médico Frederico Vasconcelos, responsável pra cirurgia e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Segundo ele, um anticoagulante poderia ajudar a prevenir a trombose, mas o paciente precisa preencher critérios que indiquem a necessidade do medicamento, como obesidade e cirurgia prévia na coluna, o que não era o caso da paciente. “Ela não usa anticoncepcional, não é tabagista, não tem fatores de risco e, portanto, não se deve usar (o medicamento)”.
Segundo ele, a morte foi uma fatalidade. “Uma infeliz variável não previsível na medicina”. A equipe lamentou o fato. “A gente não tem como ressarcir isso, de forma a trazê-la de volta, a não ser trazer toda a informação do que a gente pôde fazer por ela. Queremos expressar nossos sentimentos à família”.