Entre 31 de outubro e esse domingo (13), a taxa de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para Covid-19 na rede privada em Belo Horizonte triplicou – indo de 27% a 77,9%. O número de centros de tratamento disponíveis aumentou em 14, de 266 em outubro para 280 em dezembro, mas a quantidade de pacientes internados saltou de 73 para 218.
No sistema público, porém, não houve pressão equivalente nos leitos. No mesmo período, a taxa de ocupação no Sistema Único de Saúde (SUS) da capital variou entre 45% e 64,3% e, o número de internados, foi de 132 para 191.
Nesta terça-feira (15), o índice geral que mede a ocupação nas UTIs marca 59,1% e, nas enfermarias, 52,3%. A transmissibilidade da Covid-19 na cidade está em RT 1,05. Com isso, os três indicadores se mantêm no nível amarelo, de alerta, desde essa sexta-feira (11).
O médico infectologista Estevão Urbano, que compõe o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da prefeitura de BH, afirma que o aumento no sistema privado tem sido discutido “diariamente” entre os especialistas e preocupa a administração pública.
“O aumento está sendo mais rápido no meio privado do que no SUS. O o que pode indicar que vírus esteja circulando mais nas classes A e B, que usam esse sistema. Outro ponto, é que a população do SUS teve maior contato com a doença e, talvez, agora tenha atingido algum nível de ‘imunidade de rebanho’. São fenômenos complicados, mas atualmente a sensibilidade da pandemia nas classes AB é maior”, explica.
O especialista não descarta que o Comitê determine novos fechamentos na capital, e cita o agravamento da crise sanitária na Europa, que fez com que países como a Alemanha e o Reino Unido aplicassem restrições ao comércio e serviços.
“Estamos atentos a tudo. Tudo é possível. Cada vez mais é preciso ser martelado que os números não estão bons, que população precisa entender risco e cooperar. Estamos sempre atentos aos números para avaliar novas medidas. Não estamos esperando a pandemia acontecer como seleção natural. Londres está em lockdown, a Alemanha está entrando agora. Não se preocuparam se é Natal ou não é. Estamos mapeando (os índices) e tentando entender como vai acontecer em Belo Horizonte”, concluiu.
Apesar disso a prefeitura nega que haja fechamento previsto por ora, mas diz que segue monitorando os índices da Covid-19. “O aumento na ocupação de leitos suplementares, em um aspecto geral, impacta todo o sistema de saúde. É como se fosse um mecanismo de vasos comunicantes: o que acontece em uma rede impacta na outra e no todo. A Prefeitura mantém o monitoramento constante dos indicadores da doença no município. Qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado da forma devida, com o objetivo de preservar vidas”, pontua o Executivo em nota à reportagem.
Números da pandemia em Belo Horizonte
As taxas gerais de ocupação de leitos de UTIs e enfermarias flutuaram para baixo e para cima, respectivamente, entre essa segunda-feira e esta terça-feira, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte.
Os índices estão em 59,1% para as UTIs, e 52,3%, para enfermarias, ante registros de 62,3% e 51,5% divulgados na segunda.
A capital mineira atingiu 58 mil casos confirmados de Covid-19 e soma 1.753 mortes causadas pelo coronavírus. Nas últimas 24 horas, foram registrados 11 óbitos e 271 infecções.