Escola José Jacinto Martins Godoy

Pais denunciam que alunos apanharam de PM dentro de escola da Sete Lagoas

Boletim de ocorrência informa que agentes realizaram uma “advertência energética para inibir comportamentos dos alunos

Por Laura Maria
Publicado em 03 de setembro de 2019 | 21:52
 
 
 
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Pais de estudantes da Escola Municipal José Jacinto Martins Godoy, localizada no bairro Dona Silvia, em Sete Lagoas, na região Central do Estado, denunciaram à reportagem de O TEMPO que os filhos sofreram abusos por parte de policiais militares, que compareceram à instituição na segunda-feira (2) a pedido da diretora.

Em boletim de ocorrência elaborado pela Polícia Militar, há informação de que os agentes realizaram uma “advertência energética para inibir comportamentos” dos alunos.

Jaqueline Rodrigues de Moura, 36 anos, mãe de uma estudante, de 13, relatou que a filha chegou em casa aos prantos. “Ela é uma menina muito tranquila, mas ontem chegou chorando, desesperada, gritando: ‘pode mãe? Pode policiais baterem na gente?’”, relembra.

Depois de acalmar a filha, a mulher pediu para que ela contasse o que tinha ocorrido na instituição. Segundo relato da filha, dois militares entraram na sala de aula em que elas estavam e começaram a conversar com a turma. “Depois de alguns minutos, dois alunos também entraram na sala e sorriram um para o outro. Então, um dos policiais pegou um deles pelo pescoço e o levantou. O outro menino foi sacudido pelo mesmo militar, que ainda esfregou a cara dele na lousa”, contou.

Em seguida, prossegue Jaqueline, os militares falaram que as meninas deveriam permanecer dentro de sala enquanto os garotos deveriam acompanhá-los até outra sala. “Lá, eles sofreram mais torturas”, diz a mulher.

A versão foi a mesma da apresentada pelo pai de outra aluna da instituição. Segundo Fernando Corrêa, de 52 anos, a filha dele perguntou aos agentes se eles poderiam fazer isso com os alunos. “Então, o policial colocou o dedo no rosto dela e ameaçou bater nela caso ela não fosse embora”, falou.

De acordo com o homem, a escola está fechada há dois dias desde o ocorrido. “Vou entrar com uma petição no Ministério Público e na OAB para que esse caso seja investigado”, disse Fernando.

O que está descrito no boletim

No boletim redigido pelos policiais militares, os agentes informam que foram procurados pela diretora da escola porque alguns alunos estavam “dando muito trabalho e se comportando como donos da escola”. Ao chegarem lá, a diretora, prossegue o boletim, reuniu os alunos “mais problemáticos da escola” em uma sala reservada. Lá, os agentes informaram que, enquanto conversaram com os alunos, dois estudantes “fizeram gracinha debochando da PM”. Por isso, “os direcionaram até um quadro.”

Ao saírem do local, afirma a PM, uma professora correu até os agentes e informou que os pais começaram a chutar os portões da escola. Os militares retornaram ao local “para conter os invasores, mas eles já tinham se misturado com outros pais”, que esperavam por seus filhos ao término das aulas. A corporação informou que a diretora teve que sair escoltada.

A reportagem entrou em contato com a diretora da escola, que atendeu ao telefonema, mas desligou, em seguida, no momento em que o jornal O TEMPO se identificou. 

Reunião com o prefeito

Os pais das duas alunas contaram à reportagem que uma reunião foi marcada com o prefeito da cidade para a manhã desta quarta-feira (4), quando o assunto será discutido também com a corporação militar e com a Secretaria de Educação do município.

A reportagem entrou em contato com o órgão, mas as ligações não foram atendidas.

Posicionamento da PM

A Polícia Militar também foi procurada para saber se a corregedoria atuará no caso, mas ainda não obteve resposta. Tão logo seja respondida, esta matéria será atualizada.

 

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