Muitos passageiros do metrô de Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana da capital, foram apanhados de surpresa com o aumento de R$ 0,50 no valor da tarifa, na manhã deste domingo (8).

Depois do susto, a outra reação foi de revolta. Além do reajuste, a qualidade do serviço oferecido pelo metrô foi outro motivo de reclamações.

O montador Marco Antônio Oliveira do Carmo, de 31 anos, saiu de casa para passear com a família e ficou indignado quando soube do aumento.

“Com certeza, R$ 0,50 centavos vão fazer falta para comprar as coisas. Não tem outro jeito, nem outra opção para a gente. Então, o jeito é pagar o metrô mais caro, mesmo”, reagiu o montador. “Tem que ter uma melhoria no metrô”, cobrou.

O operador de produção Júlio César Vasconcelos, 37, foi outro que levou um susto quando foi informado do novo valor da passagem. “Fui apanhado de surpresa. Essa diferença faz muita falta no bolso. Com R$ 0,50 você compra pão, compra outras coisas. Faz falta em tudo. Para eles (CBTU), está tudo muito bom, mas para a gente que ganha pouco é muito ruim”, reagiu.

O aumento progressivo da passagem do metrô foi autorizado pela Justiça no início do ano. Em 5 de maio, subiu de R$ 1,80 para R$ 2,40. Em 7 de Julho, passou para R$ 2,90.

O próximo aumento será em 3 de novembro, quando o bilhete passará a custar R$ 3,70. Depois, sobe para R$ 4,00, em 5 de janeiro do ano que vem, e, por fim, para R$ 4,25 em 3 de março de 2020.

O estudante de medicina Gabriel Procópio Vinheiro, de 21, conta que não pega o metrô todos os dias, mas acredita que o aumento da tarifa somente se justificaria se houvesse melhoria na qualidade do serviço. “Acho que se o metrô melhorasse o serviço dele, dando mais conforto para os passageiros, aí, sim, justificaria o aumento”, reforçou.

Ainda de acordo com o universitário, o aumento deveria acompanhar a inflação. “Ficar dez anos sem aumentar o preço e chegar com esse aumento logo de cara, acho que assusta um pouco as pessoas”, comentou.

Para a empregada doméstica desempregada Solange Maria Santos Silva, de 46, que faz faxina para sobreviver, R$ 0,50 a mais no preço da tarifa do metrô vai pesar muito no seu orçamento doméstico. “Eu saio para dar faxina e o que eu ganho vou ter que dividir com a passagem, o que é um absurdo”, reagiu ela. Chega no final do mês, você soma 0,50 todos os dias, e é muito dinheiro”, questionou a faxineira. 

Para Solange, o serviço oferecido pelo metrô não tem qualidade. “Nem metrô é. É um trem que eles chamam de metrô. Vive só lotado, cheio, sem condições nenhuma, sujo, sem falar dos homens que ficam lá dentro abusando das mulheres. Quando o trem tem ar-condicionado, está com defeito”, reclamou Solange.

A estudante Isabela Mendes Pinto Batista, de 19, conta que pegou metrô no sábado a R$ 2,90. Ontem, ele conta que custou a acreditar no valor de R$ 3.40. “E o pior é que a gente não percebe melhoria nenhuma nas linhas do metrô”, desabafou. “Esses aumentos não têm sentido. A diferença faz falta principalmente para o trabalhador que pega o metrô todos os dias”, observou a estudante.

Resposta

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que o aumento na tarifa de Belo Horizonte é necessário por ficar 13 anos sem reajuste, “atingindo a defasagem no custo da manutenção do sistema”, segundo a empresa.

A reportagem não conseguiu falar com ninguém da CBTU, neste domingo, a respeito das reclamações da qualidade do serviço do metrô.