Após a saída da delegada Monah Zein de seu apartamento no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, o porta-voz da Polícia Civil, Saulo Castro, disse à imprensa que o objetivo da instituição durante a operação era “preservar vidas”.

“Ela saiu espontaneamente do apartamento e foi em direção à nossa equipe. Nesse momento, foi recebida e encaminhada para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Ela saiu devidamente medicada, em uma maca e foi levada para uma unidade de saúde", detalhou o delegado.

Monah ficou dentro "presa" dentro de seu apartamento por mais de 30 horas. Nessa terça-feira (21), ela fez lives acusando servidores da Polícia Civil de assédio e perseguição. Durante esta quarta-feira (22 de novembro), a mulher também fez várias postagens em meio às negociações com a Polícia Civil. 

Policiais armados

Segundo Saulo, o grupo tático respeitou todos os protocolos. "A colega estava com duas armas de fogo. Não podemos chegar numa situação dessa sem pensar na segurança dos policiais. Como a delegada tinha duas armas, os policiais entraram no prédio com escudos”, afirmou. 

Mandado de busca e apreensão

O delegado Saulo Castro informou que a Justiça já havia expedido um mandado de busca e apreensão em desfavor de Monah. Durante uma das lives, a moça grava a entrega de uma das armas. Agora, a Polícia Civil vai cumprir o mandado. “Vamos procurar a outra”, disse. 

Tiros

O delegado informou ainda que houve disparos de tiros durante a ocorrência, mas que ele não sabe precisar quantos. A própria delegada informou, nessa terça-feira (22 de novembro), que efetuou disparos contra os policiais. No entanto, ele ressaltou que a Polícia Civil não usou arma letal contra ela. No vídeo, Monah fala que foi atingida por um taser. 

Denúncias e apuração

Sobre as denúncias que a delegada fez durante as transmissões, o delegado informou que a Polícia Civil vai agir "com transparência". Ele garantiu que a Corregedoria será acionada e haverá o direito à defesa e ao contraditório. 

Corte de luz

Pouco antes de sair do prédio, a delegada fez uma postagem afirmando que sua luz havia sido cortada. O delegado disse que não tinha informações com relação a essa questão.

Entenda o caso 

A confusão teve início na manhã da última terça-feira (21 de novembro), mas se tornou pública na tarde do mesmo dia, após a policial fazer uma live em seu Instagram mostrando o interior de seu apartamento enquanto negociava com outros agentes, que estavam do lado de fora. Nas imagens, a mulher aparecia, inclusive, portando uma arma que, em dado momento, foi jogada para fora de casa por ela em frente às câmeras.

Monah relatou ainda, durante a transmissão ao vivo, que, às 9h30, colegas teriam ido até a casa dela depois dela enviar mensagens em um grupo dizendo que não retornaria ao trabalho. Depois de conversar com os policiais, ela teria então retirado o interfone da casa do gancho, o que os levou a chamar o Corpo de Bombeiros e a polícia. “Eles não querem me ajudar ,eles querem fazer o cenário onde eu estou louca, doente, armada, perigosa, sendo que não existe isso", disse a delegada durante a live.

A mulher também admitiu ter atirado contra colegas de profissão. “Quatro homens armados, com escudo, para tirar minha arma? Sendo que eu estou trabalhando normal, eu só avisei que não vou para a delegacia e eles vêm aqui fazer esse transtorno? Fazer eu dar seis tiros na escada de incêndio?", falou Monah. A informação de disparos dentro da casa foi confirmada no primeiro dia pela Polícia Civil, por nota, mas sem mais detalhes.

Delegada estava de férias

Já nesta quarta-feira (22), depois de toda uma noite de negociação, o porta-voz da Polícia Civil, delegado Saulo Castro, detalhou que a delegada Monah Zein retornaria na terça ao trabalho após um período de afastamento, primeiramente por "questões médicas" e, em seguida, por férias.

“Ela enviou em um grupo dos colegas de trabalho uma mensagem que sugeria algo que pudesse levar uma situação contra a própria saúde dela. Nesse sentido, os próprios colegas do local de trabalho vieram para cá acompanhados dos profissionais do nosso Centro Biopsicossocial, no intuito de acolher a colega e preservá-la", argumentou.

Ainda conforme Castro, entretanto, a conversa inicial não teria se "desdobrado" como a polícia imaginava. "A colega estava um pouco mais exaltada e, diante desse cenário de crise, a partir dos protocolos, a Polícia Civil julgou necessário chamar a Core, para iniciar essa negociação, para que a gente chegue no desfecho o mais breve possível", completou.

Denúncia de assédio e perseguições

O advogado Leandro Martins, que está à frente da defesa da delegada, afirmou que a profissional da segurança pública sofreu “perseguições” e “retaliações” no exercício da profissão.

No comunicado, Martins lamentou profundamente o estado de saúde delicado no qual a delegada se encontra momentaneamente. Ele alega que isso é resultado de “perseguições” e “retaliações” sofridas no decorrer dos anos.

Na porta do imóvel, a advogada Jucelia Braz, que também representa Monah, afirmou que sua cliente alega ser vítima de assédio moral por parte da Instituição, o que teria motivado toda a situação. "Infelizmente, é conhecimento de todos os casos de assédio moral que cometem contra os policiais, principalmente contra as mulheres, que sofrem dentro da Polícia Civil, então, vamos tomar algumas providências para tentar acalmá-la e tirá-la de dentro o mais rápido possível", disse.

Saída em ambulância

Momentos antes da saída da delegada, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) entrou na garagem do prédio. Monah desceu do apartamento acompanhada de policiais, embarcou na ambulância e deixou o condomínio. Vizinhos se reuniram para acompanhar o desfecho do caso. 

A mãe da delegada, que chegou de Curitiba na noite da última terça para ajudar nas negociações, também acompanhou a saída de Monah do prédio. Ao mesmo tempo em que a filha era colocada na ambulância do Samu, a mãe embarcou na parte da frente do veículo. Ela não quis conversar com a imprensa.