Problema comum entre a população, a diarréia pode representar um risco à saúde da população. Em 2023, 170 pessoas morreram em Minas Gerais em decorrência de formas graves da doença, sendo 9 crianças. A síndrome mais grave, no entanto, pode ser evitada por meio da vacinação realizada logo nos primeiros meses de vida.
Um dos casos mais graves da doença é a diarreica aguda (DDA), que corresponde a um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais e atinge, sobretudo, crianças. A síndrome é caracterizada por ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias.
Segundo a referência técnica em Toxoplasmose e Rotavírus da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Michely Aparecida de Souza, o alerta deve ser ligado em casos de surgimento de sangue nas fezes ou desidratação. Nesses casos a regra é: procure um serviço de saúde para avaliação médica adequada. “É fundamental que os pais compreendam que a gastroenterite em crianças menores de 5 anos não deve ser considerada apenas uma dor de barriga e, sim, uma condição que requer atenção médica”, pontua.
Tratamento
O tratamento dos casos de diarreia em crianças envolve, principalmente, a prevenção de forma a evitar que outras pessoas possam adoecer a partir desse agente infeccioso, e a reidratação com a ingestão de líquidos, seja por meio de soros orais ou, em casos mais graves, por fluidos intravenosos. No entanto, a especialista reforça que a forma grave da doença pode ser prevenida através da vacinação contra o rotavírus.
A vacina é ofertada nas Unidades Básicas de Saúde e está recomendada para crianças aos 2 e 4 meses de idade. A primeira dose pode ser administrada a partir de 1 (um) mês e 15 dias até 3 meses e 15 dias. A segunda dose pode ser administrada a partir de três meses e 15 dias até sete meses e 29 dias, mantendo o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
A vacina é contraindicada nos seguintes casos: imunodeficiência, uso de imunossupressores ou quimioterápicos, história de doença gastrointestinal crônica, má-formação congênita do trato digestivo não corrigida, história prévia de invaginação intestinal ou história de hipersensibilidade a qualquer componente da vacina.
Prevenção
Além da vacina, ações cotidianas de práticas de higiene e consumo adequado de alimentos podem impedir a contaminação pela doença. Confira algumas dicas:
- Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais;
- Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
- Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guardar os alimentos em recipientes fechados);
- Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação;
- Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados;
- Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada. Quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado;
- Usar sempre a privada, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água;
- Manter o aleitamento materno (aumenta a resistência das crianças contra as diarreias), evitando o desmame precoce.
Doença diarreica aguda
As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros parasitas, como os protozoários) que geram a gastroenterite – inflamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago e o intestino. A infecção é causada pelo consumo de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e também pode ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos contaminadas, e contato de pessoas com animais.