Servidores públicos do Estado denunciam descaso do governo de Minas Gerais com medidas de contenção do coronavírus na Cidade Administrativa, que reúne aproximadamente 10 mil trabalhadores.
Nas denúncias enviadas ao jornal O Tempo, os trabalhadores relatam que não foram disponibilizados álcool gel nas dependências das unidades — uma das recomendações do Ministério da Saúde para tentar conter a transmissão da doença que se tornou uma pandemia.
De forma anônima, um servidor da secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais se queixou do fato de os prédios da Cidade Administra não abrirem as janelas. "Aqui é uma verdadeira incubadora para qualquer virose", reclamou.
Já uma trabalhadora relatou que vários servidores teriam retornado recentemente de viagens ao exterior, inclusive da Itália, país com o segundo maior número de casos confirmados de coronavírus no mundo e de mortes ocasionadas pela doença. Ainda segundo ela, não foi orientada “nenhuma quarentena prévia”, antes que essas pessoas retornassem ao trabalho.
Ela também reclamou do compartilhamento de aparelhos de microondas, cafeteiras e esponjas utilizadas para lavar copos e garrafas. Já o servidor alertou que estão faltando sabão nos banheiros e detergentes nas copas comunitárias.
A reportagem entrou em contato com o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais (Sindipúblicos-MG) que informou não ter recebido qualquer denúncia nesse sentido. O diretor do sindicato Geraldo Henrique disse que está sendo acertada com a intendência da Cidade Administrativa algumas mudanças nos procedimentos internos de limpeza das áreas comuns.
“Nós vamos ter o aumento da frequência de limpeza das maçanetas, dos banheiros, portas e corrimãos. Nós vamos ter também o reforço na divulgação das formas de prevenção do coronavírus. Estamos aguardando a elaboração de um decreto (por parte do governo de Minas) para a normatização das formas de trabalho, com o objetivo de evitar a aglomeração na Cidade Administrativa”, afirmou.
Já o governo de Minas informou que publicou no domingo, 15, um decreto contendo medidas adicionais para lidar com a pandemia.
Entre as ações estão o impedimento de retorno ao trabalho de servidores que estiveram em localidades com alto índice de transmissão comunitária do vírus. A medida vale por 14 dias, caso o servidor apresente sintomas da doença, ou por sete dias, caso não haja sintomas.
“Nesse período, recomenda-se que o profissional permaneça em casa e em trabalho remoto, se houver condições. Se não for possível, as faltas serão abonadas. Em ambos os casos, não haverá perda no auxílio-refeição ou alimentação”, informou.
Sobre a não disponibilização de álcool gel nas dependências da Cidade Administrativa e as faltas de sabão nos banheiros e detergente nas copas comunitárias, o vereador de Belo Horizonte, Mateus Simões, anunciado como o novo secretário Geral do Estado na última quinta-feira, 12, mas que ainda não assumiu a função no governo de Minas, disse, após coletiva de imprensa sobre o coronavírus, na segunda-feira, 16, que o Palácio Tiradentes está “envidando esforços” para a compra de álcool em gel, mas que o produto “está em falta no mercado”.
Em nota, o governo de Minas informou que a Cidade Administrativa "possui produtos de limpeza em todos os banheiros e refeitórios". O Palácio Tiradentes também reforçou a fala de Simões e disse que "está sendo providenciada, em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde, a compra de álcool gel para as recepções dos prédios".
Essa reportagem foi atualizada às 15h04.