Depois de colocar em alerta máximo a população de três cidades que estão na rota da lama em caso de rompimento da barragem Sul Superior do complexo minerário de Gongo Soco, em Barão de Cocais, região Central do Estado, a Vale declarou nesta terça-feira, pela primeira vez, que o talude norte pode escorregar lentamente para dentro da cava da mina, o que, em tese, diminui a possibilidade de abalo do terreno e, consequentemente, reduz as chances de ruptura do reservatório de rejeitos, que está ameaçado pela queda do paredão. 

Em uma semana, a velocidade da movimentação do talude em pontos isolados saltou de 10 cm para 24,5 cm por dia, conforme a Agência Nacional de Mineração. Apesar de a deformação ter aumentado, o diretor de operações da Vale, Marcelo Barros, informou, em vídeo divulgado pela mineradora, que “há uma grande possibilidade de o talude se acomodar dentro da cava, sem maiores consequências".

Especialista em barragens, o engenheiro civil Carlos Martinez vê a informação da Vale com cautela e diz que a população não deve tentar voltar para casa. “Não é possível arriscar, mesmo porque a Vale já errou muito”, avalia. 

Moradora de Barão de Cocais, a dona de casa Edna de Souza, 46, diz que não saber mais em que acreditar. "Depois de passar tanto susto e apreensão, eles vêm com essa informação. A sensação é de indignação. A gente não dorme, essa situação abala a gente", reclama a mulher, que vive no bairro São Benedito, ameaçado pela lama em caso de rompimento da barragem.